Autor: Ken Grimwood
Editora: Gutenberg
Edição: 1
Ano: 2014
Páginas: 320
Publicação Original: 1986
Sinopse: Jeff Winston é um jornalista de rádio de 43 anos, que está preso em um casamento fracassado e um emprego sem futuro. Ao sentir uma forte dor no peito, morre instantaneamente. Momentos depois, acorda em 1963, em seu quarto da época de faculdade, com 18 anos novamente, e lembrando-se perfeitamente de tudo o que aconteceu. Sem entender o que está ocorrendo, a única coisa que sabe são os fatos de sua vida e do mundo que se repetirão, inclusive o dia de sua morte. As dúvidas invadem sua mente: o que fazer dessa “nova” vida? Cometer os mesmo erros ou fazer tudo diferente? Deixar que os grandes desastres da história aconteçam ou tentar interferir?
E se você vivesse sua vida mais de uma vez? E mais uma? E mais uma...
Livros com temáticas ficcionais, levando ao cosmológico, sobrenatural e misterioso normalmente me interessam. Estive há muito esperando o momento que leria 'Revivente'. Como (quase) sempre acontece, criar expectativas pode nos frutar.
Ken Grimwood tem uma história de ouro nas mãos, o livro tem uma trama para fazer-se maravilhoso, mas peca em alguns quesitos. Voltemos ao início...
Jeff Winston está em seu escritório quando subitamente sofre um ataque cardíaco. Sua mulher está ao telefone e ele nunca ouviria o final da frase que ela tem a dizer sobre o seu casamento, pois a morte carrega o silêncio. Acontece que ao abrir os olhos está em sua forma mais jovem, em 1963, no início da faculdade de jornalismo. Ao princípio não entende bem o que aconteceu e chega a pensar que isso é um sonho. Todos os acontecimentos se repetem do mesmo jeito que em sua primeira vida, com uma diferença: agora ele tem informações privilegiadas que podem ajudá-lo a não cometer os mesmos erros do passado e, talvez, adquirir algum dinheiro.
O início parece nos levar a um caminho, mas a cada momento o livro sofre reviravoltas e leva a outra direção. A começar pelo fato do protagonista não morrer apenas uma vez, mas sucessivamente até atingir os 43 anos. Além disso, novos personagens surgem no decorrer do enredo que dão um gás maior a história e os 'Replays', como são chamados por Jeff, passam a mudar de cronologia.
Escrito no final da década de 1980, Revivente traz problemas atemporais e citações contemporâneas àquele tempo que influenciariam gerações. Pela enormidade de acontecimentos citados no decorrer do livro podemos comprovar a vivência do autor com o que estava narrando e sua pesquisa de campo para provocar as mudanças que seus personagens tentariam fazer para a humanidade.
A narrativa passa por altos e baixos. Passagens de tempo repentinas e detalhadas em demasia (como catástrofes, ganhadores de corridas, esportes, presidência e atentados) cortam um pouco o clímax do texto. Num mesmo capítulo, por exemplo, pode se passar anos na vida do personagem e só descobrimos isso no decorrer da leitura. Tive que ficar atento para não me deixar perder.
O autor quis deixar a mensagem de que, não importa quantas oportunidades você tenha, cada vez você será guiado por instintos diferentes. Que não adianta correr atrás de explicações e preocupações despropositadas, pois a vida é muito curta para gastarmos tempo indo atrás de perguntas insolúveis.
O livro leva 3,5 estrelas, sendo uma boa indicação principalmente para pessoas que viveram nessa época e relembrarão os fatos nele mencionados; também para aqueles que gostam da cultura americana e apreciam livros sobre viagens no tempo. Se tivesse que classificá-lo diria que seria uma utopia (ou ficção) puxada mais para o adulto do que para o juvenil.
BOM |
DIAGRAMAÇÃO: Mais um vez não tive problema algum com a edição feita pela Gutenberg. Graficamente o livro está muito bem produzido, as folhas são amarelas, em papel pólen, a capa também tem uns detalhes sensíveis ao toque, muito bonita. Quanto a tradução/revisão, praticamente não foram encontrados erros da minha parte, mesmo sendo uma primeira edição. Recomendado!
CURIOSIDADE: Ken Grimwood morreu em 2003, aos 59 anos, em sua casa em Santa Bárbara, Califórnia, de ataque cardíaco, enquanto escrevia a continuação de Revivente. Qualquer semelhança com o protagonista Jeff é mera coincidência. No epílogo deste livro fica em aberto uma nova história com outro personagem, dessa vez a aposta do autor seria investir em narrar o futuro, de 1988 a 2017.
" O que é noite para todos os seres
é hora de despertar para o autocontrolado;
e o que é hora de despertar para todos os seres
é noite para o sábio introspectivo." Pág. 155
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