sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Resenha: Quem é você, Alasca - John Green




Título original: Looking for Alaska
Autor: John Green

Editora: Martins Fontes
Edição: 1

Ano: 2014
Páginas: 229

Tradução: Rodrigo Neves


Sinopse: Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".



ENREDO

Miles Halter deixa sua casa na Flórida indo em direção ao Alabama, para estudar seu último ano do ensino médio no colégio interno Culver Creek, o mesmo frequentado por seu pai. Ele é um adolescente diferente, com um gosto peculiar: memorizar as últimas palavras de grandes personalidades da história. 

Uma dessas personalidades é o famoso escritor do século XV, François Rabelais, que dissera no leito de morte estar indo em “busca de uma Grande Talvez”. Assim, Miles decide fazer o mesmo, partindo para uma nova cidade.

Em Culver Creek ele conhece seu colega de quarto Chip Martin, o "Coronel", Takumi Hikohito, um garoto asiático e amigo do Coronel e da inteligente, engraçada, louca e sensual, Alaska Young. Com seus novos amigos, além de bebidas, cigarros e trotes, Miles, descobre um pouco do que seria o seu "Grande Talvez".

COMENTÁRIOS

Embora seja amplamente difundido como um livro juvenil, "Quem é você Alasca" é bem mais pesado do que aparenta. Talvez seja justamente essa confusão entre proposta versus a realidade do livro que tenha me causado tanta aversão.

O livro é narrado em primeiro pessoa na perspectiva do Miles e se divide entre o Antes e o Depois de um importante acontecimento envolvendo os amigos. Como o próprio título sugere, a personagem Alasca será o foco da trama e sempre será descrita como algo etéreo, endeusado e inalcançável.

“Desde pequena, percorro as vendas de garagem em busca de livros que pareçam interessantes. Então sempre estou lendo algum livro. Mas há tanta coisa para fazer: tantos cigarros para fumar, tanto sexo para fazer, tantos balanços para balançar. Terei mais tempo para os livros quando ficar velha e chata.” Pág. 20, Alasca.

É uma leitura que demora para pegar o ritmo, e que prende mais pela curiosidade do que pelo enredo. Contudo, não é algo completamente ruim. Tudo dependerá da interpretação que o leitor terá e de como ele irá encarar a história. Pelo viés de adulto tem-se a irresponsabilidade e imprudência juvenil, já pelo olhar do próprio jovem, este se verá em choque pelo sentimento de perda causado por suas próprias ações. 

O tom de autoajuda é bem evidente e a todo momento deixa a dúvida se quem sofre mais é quem nos conta a história ou quem passou pelos acontecimentos dramáticos do livro. O que podemos tirar de conclusão é que as emoções juvenis são sempre ampliadas e os personagens muito egocêntricos. 

A história mostra um pouco da realidade que vemos em filmes americanos e se enquadra ao padrão do adolescente (em transição para fase adulta) atual. Só deve-se ter cuidado quem tem acesso a essa leitura, uma vez que é inegável o conteúdo inapropriado para certa faixa etária, como o uso de cigarro, bebidas e atos sexuais.

REGULAR

CURIOSIDADES RELEVANTES

Alguns professores nos Estados Unidos usaram “Quem é você, Alasca” em suas aulas com alunos com cerca de 16 anos, mas alguns pais quando souberam quiseram proibir os seus filhos de lerem o livro. O próprio John Green diz que escreveu o livro pensando em um público mais adulto. As editoras, e consequentemente o público, é que quiseram tornar este livro em um "romance para adolescentes". Para saber mais do que penso a respeito disso assista abaixo a vídeo-resenha completa.


COMPARATIVOS

Não é um livro tão sério e eficiente como A Lista Negra (Jennifer Brown), nem tão emotivo e didático como A culpa é das estrelas, do mesmo autor. Quem é você Alasca caminha entre eles, ficando perdido no meio do caminho.

CITAÇÃO

“Hoje, acredito que somos mais do que a soma das nossas partes. [...] Existe algo mais. Uma parte que é maior do que a soma das suas partes cognoscíveis. E essa parte tem de ir para algum lugar, pois não pode ser destruída.” Pág. 225, Miles.

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