sábado, 9 de novembro de 2013

Resenha: A Lista Negra - Jennifer Brown



Título: A Lista Negra

Editora: Gutenberg
Edição: 1

Ano: 2012
Páginas: 272

Tradução: Claudio Blanc

Minha Nota:
ÓTIMO






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Sinopse: O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. 

Agora, ainda se recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas.

E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E se o assassino fosse alguém que você ama?

Bullying. Uma palavra que virou moda nos tempos modernos, mas que não é tão bem vista pelas pessoas que sofrem com isso. Escola. O palco principal das barbáries entre jovens com ampla faixa etária; a barbárie no que diz respeito a autodefesa, autoestima, a conquista da psique infantojuvenil.

Valerie e Nick sabem bem como isso funciona. Ele um garoto magricela, alto, com pinta de roqueiro e desengonçado; ela, troca o colorido pelo preto e branco, adota a linha despojada propositalmente e vive reclusa com seu grupo "Loser" de amigos.

O que deveria ser uma brincadeira, foge ao controle de Val e seu namorado faz um acordo silencioso com ela para que juntos acabem com a vida de membro a membro da lista que ambos fizeram, a Lista Negra. Nela se enquadram professores, pais, alunos malfeitores e até celebridades. Olhou torto para Valerie ou Nick? Não foi uma boa ideia, seu nome vai direto para a lista.

"E foi assim que começou a famosa Lista Negra: como uma piada. Uma forma de descarregar a frustração. No entanto, ela acabou se transformando em algo que eu nem imaginava" Pág. 85

O que a menina não sabia é que essas pessoas tornariam-se alvos reais; e é com grande surpresa que Valerie se depara com seu namorado indo confrontar Christy - uma garota que quebrara seu Mp3 de propósito no ônibus da escola - com uma arma escondida e em seguida, começar uma chacina. 

Muita coisa acontece antes, durante e depois do acontecimento. Após ferir Valerie - que estava tentando impedi-lo de continuar com o massacre - Nick se mata  e ela é obrigada a passar todo o verão numa Unidade psiquiátrica se recuperando tanto do trauma como dos ferimentos físicos. Mas não é só isso, a polícia e a própria imprensa sugerem que a garota esteve envolvida no atentado e que, possivelmente, aquela foi uma tentativa frustrada de suicídio do casal.

Voltando a escola onde tudo aconteceu, Valerie é obrigada a encarar os fatos, reviver a dor e a perda e conviver com os olhares fulminantes que a perseguem por todos os corredores. A jovem não se reconhece mais, nem os antigos amigos a encaram ou sequer dão apoio, seus pais vivem em pé de guerra, interferindo na vida do irmão mais novo, e o seu único suporte emocional vem da parte do Dr. Hietler, um terapeuta que a ajuda bastante a entender o que está acontecendo e Bea, uma artística  bem mística que dá o presente da libertação a jovem através da arte.

"E eu passava cerca de uma hora, meu quarto ficando escuro, pensando em que diabos tinha acontecido para me tornar tão incerta sobre até mesmo quem eu era. Por que "quem você é" deve ser a pergunta mais fácil de ser respondida, certo?" Pág. 29

A lista negra mostra o passado, o presente e a recuperação de uma garota que estava perdida, apaixonada e sob constante trauma e o como conseguiu superar tudo isso diante de tanta opressão.

COMENTÁRIOS

Essa história é muita vasta e intensa. Para um romance de estreia a autora consegue captar a atenção do leitor até o fim. São muitas minúcias e detalhes que fazem com que pensemos em até ler novamente - no bom sentido, é claro - por a história ser tão boa.

Obviamente a carga de drama emocional e psicológico é forte e, talvez, quem não esteja acostumado a esse gênero tenha um pouco de dificuldade em seguir adiante, porém, com a narração que mescla passado e presente, Jennifer Brown consegue fugir da fadiga literária.

O livro é dividido em 4 partes, os capítulos são curtos e no início da maioria deles vem manchetes do jornal local (fictício, lógico) sobre o que aconteceu às vitimas fatais ou não. Há riqueza de detalhes em todas as informações, tantos nos comentários do que aconteceu como o nome de todas as personagens envolvidas.

Eu poderia passar vários e vários parágrafos narrando a história para vocês, mas como o melhor de tudo é encontrar surpresa, recomendo essa leitura como excelente que apanham todas as idades e públicos. 

Valerie encarava a revolta de Nick para com os alunos como algo ingênuo, sem pretensão e com olhar de vítima. Adorava usar metáforas mortíferas com os amigos e o namorado, o que não sabia era que ele levava tudo a sério e foi se perdendo no meio do caminho. 

DIAGRAMAÇÃO

Belíssima! Papel pólen amarelo, capa com ilustração soft touch, cuidado com a tradução dos contextos americanos (se nota pela forma dos diálogos e as notas de rodapé explicando algumas coisas). Encontrei  um erro ou outro de digitação, nada tão significante, mas me admirei com o trabalho feito pela Gutenberg. Vale muito a pena adquirir o seu exemplar.

CURIOSIDADES

Nick Levil era fã dos romances de Shakespeare, sobretudo Hamlet, essa referência é muito frequência em literatura mórbida como as do gênero Sick-Lit costumam ser.

QUOTES/CITAÇÕES

"Ficamos em silêncio por um minuto. Não sei o que o Nick estava pensando. Na hora, achei que o silêncio dele era algum tipo de acordo sem palavras comigo, como se estivéssemos falando ao mesmo tempo por meio de ondas mentais. Mas, hoje, sei que era apenas uma daquelas "inferências" sobre as quais o doutor Hietler sempre falava. As pessoas fazem isso o tempo todo - acham que "sabem" o que está se passando na cabeça de alguém. Isso é impossível. É um erro achar isso. Um erro muito grande. Um erro que, se você não tiver cuidado, pode arruinar sua vida." Pág. 25

"- Um é meu número favorito -sorriu Bea - Em inglês, a palavra "um" tem o mesmo som do passado de "vencer" e podemos todos dizer no final do dia que vencemos de novo, não podemos? Em alguns dias, chegar ao fim do dia é uma grande vitória". Pág. 178, Bea

"- O tempo nunca acaba [...]. Como sempre há tempo para a dor, também sempre há tempo para a cura." Pág. 179, Doutor Hietler

""Eu sobrevivi, e isso fez a diferença", disse ela então. Na época, eu respondia que ela era louca, mas agora, abraçada a ela no palco durante nossa formatura, nosso projeto completo, entendi o que ela quis dizer e sabia que tinha razão. Aquele dia mudou mesmo as coisas. Nós ficamos amigas não porque quisemos, mas porque, de algum modo, precisamos ficar. E pode me chamar de louca, mas eu sentia quase como tivéssemos de ser amigas." Pág. 264


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