Pedro sempre gostara de observar as pessoas, mas o que mais lhe chamava atenção era como, volta e meia, elas apareciam com novos acessórios, objetos de valores, carros, viagens a passeio e bens de consumo. Afinal de onde vinha esse dinheiro?
Garotos em sua idade iam a escola com os melhores materiais, seja um caderno de desenho animado que passava na tevê, canetas e, principalmente, lápis de cor da Faber Castell. Ele não se importava muito com isso quando criança, sempre fora criado com simplicidade e tinha aprendido que as pessoas não se definiam pelo que tem; porém, com a fase adulta parecia-lhe estranho perceber que os valores se invertem.
Bicicletas transformam-se em carros, materiais escolares em iPhones de última geração com as mais diferentes funções; o que importa hoje é o status – Até mesmo uma rede social assim nomeava as atividades das pessoas nos últimos tempos. Aqueles mesmos alunos que antes se exibiam com suas mochilas de desenho animado, hoje passeiam pelo Campus da faculdade com seus óculos Ray Ban, roupas de marca e a segurança de uma vida inabalada.
Mas de onde vem esse dinheiro?
O garoto um dia chegara a pensar que talvez viesse de uma árvore plantada no quintal, hoje vê o quanto é difícil adquiri-lo e que se dependesse disso seu solo não era um dos mais férteis. Talvez seus pais não trabalhassem nos melhores empregos, mas seria como a infinita comparação entre o ovo e a galinha? Será que para o dinheiro existir, uma pessoa sem nada, sozinha, sem nenhuma garantia, teve que batalhar para dar suporte a sua próxima geração?
Por que, e se não fosse pelos pais dessas crianças que hoje são adultas, onde elas estariam? Seriam tão alheias a vida do seu vizinho? Reclamariam tanto de problemas solúveis?
O que mais intrigava Pedro era que ele vivia em duas realidades distintas, ou até mais de duas, por que não dizer. Nas ruas da cidade, no lugar onde estudava, nos centros comerciais e em casa. Muitas vezes as pessoas julgavam as outras pelo contexto em que se encontravam, seja pelo dinheiro gasto na compra de um bom sanduíche na praça de alimentação do shopping, seja na mensalidade de uma faculdade, num curso de inglês ou em uma academia, mas esqueciam de pensar no depois.
Depois de eles se despedirem, depois de cada um ir para suas casas e encararem a verdade daquilo que era real; com seus problemas; seus receios; suas frustrações, pois até mesmo aqueles que “têm” dinheiro passam por isso, certo?
A verdade era que o menino ainda não conseguia entender de onde surgia o dinheiro; como o povo o administrava; porque sempre que ganhara cada centavo em seu dia, anotava, rabiscava e excluía vários itens de sua imensa lista de desejos com muita alegria, pois ao menos tinha o que escolher, e o faria da melhor forma possível para aproveitar sua riqueza.
Ele passeava pelas ruas, ele olhava a multidão, ele caminhava em frente a restaurantes, olhava as filas de banco e vitrines de lojas mas até hoje nunca tinha entendido de onde chegava o dinheiro.
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Que legal você escrever contos.
ResponderExcluirGostei!
Carissa
www.carissavieira.com
Me arriscando a escrever um pouco, Carrisa. ^^
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