Autor: Anthony Burgess
Editora: Aleph
Edição: 1
Ano: 2004
Páginas: 224
Publicação Original: 1962
Tradução: Fábio Fernandes
Sinopse: Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "Laranja Mecânica" é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX.
ENREDO
A história situa-se na sociedade inglesa de um futuro próximo, a qual tem uma cultura de extrema violência juvenil. O protagonista e anti-herói Alex, faz parte desse bando. Amante da música clássica (principalmente Ludwig van Beethoven) e líder de uma gangue (com seus amigos, chamados de "drugues"), o personagem fala sobre suas violentas façanhas e experiências com as autoridades estaduais que possuem a intenção de regenerá-lo.
Escrito em primeira pessoa, na perspectiva de um narrador aparentemente tendencioso e não confiável, O livro tem três partes, cada uma com sete capítulos. O total de 21 capítulos foi um gesto intencional pelo autor, pois 21 anos de idade é reconhecido como um marco na maturação humana.
Após roubos e até estupro, o jovem Alex cai nas mãos da polícia. Preso, ele é usado como cobaia numa experiência chamada "Tratamento Ludovico", criado pelo Estado e destinado a refrear os impulsos destrutivos dos delinquentes.
Governo ou cidadãos. Um estratagema que não se sabe em quem acreditar. Será que o estado está certo em fazer experimentos que induzem o homem a ser bom? Fica a dica de um livro excelente com um final mais do que reflexivo que nos leva a pensar sobre nossas próprias ações e instintos perante a sociedade.
“Ser bom pode ser horrível. E quando digo isso a você, percebo o quão autocontraditório isso soa. Eu sei que perderei muitas noites de sono por causa disso. O que Deus quer? Será que Deus quer insensibilidade ou a escolha da bondade? Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si? Questões difíceis e profundas, pequeno 6655321” Pág. 97
Escrito em primeira pessoa, na perspectiva de um narrador aparentemente tendencioso e não confiável, O livro tem três partes, cada uma com sete capítulos. O total de 21 capítulos foi um gesto intencional pelo autor, pois 21 anos de idade é reconhecido como um marco na maturação humana.
Após roubos e até estupro, o jovem Alex cai nas mãos da polícia. Preso, ele é usado como cobaia numa experiência chamada "Tratamento Ludovico", criado pelo Estado e destinado a refrear os impulsos destrutivos dos delinquentes.
COMENTÁRIOS
Laranja mecânica a primeira vista pode parecer uma leitura difícil, devido ao seu vocabulário irreverente, mas finda por tornar-se um livro único na vida dos leitores que passam por essa experiência.
Alex narra a história de sua vida como se estivéssemos em frente a ele, ouvintes de sua história. Suas ações descrevem um caráter duvidoso e cruel, porém, ele consegue transmitir o carisma necessário a nos manter presos aos acontecimentos.
Em muitos momentos senti que esse personagem é muito além do que gostaria de demonstrar ser. Que se faz de durão, para não mostrar sua inteligência e gosto pela cultura. É uma leitura fluida e interessante em uma sociedade distópica não tão distante da realidade atual, num mundo repleto de violência e impunidade.
Os momentos mais impressionantes (e que marcaram a obra cinematográfica) se passam durante o Tratamento Ludovico, onde fios medem as reações corpóreas; os olhos mantêm-se forçadamente abertos para não desviarem a atenção de cenas que passam na tela, bem como mãos e pés atados. Aliado a isso, medicamentos são administrados para efetivar o método de associação, utilizando música clássica como plano de fundo para extirpar definitivamente a delinquência das veias do nadsat.
Governo ou cidadãos. Um estratagema que não se sabe em quem acreditar. Será que o estado está certo em fazer experimentos que induzem o homem a ser bom? Fica a dica de um livro excelente com um final mais do que reflexivo que nos leva a pensar sobre nossas próprias ações e instintos perante a sociedade.
ÓTIMO / FAVORITO |
“Ser bom pode ser horrível. E quando digo isso a você, percebo o quão autocontraditório isso soa. Eu sei que perderei muitas noites de sono por causa disso. O que Deus quer? Será que Deus quer insensibilidade ou a escolha da bondade? Será que um homem que escolhe o mal é talvez melhor do que um homem que teve o bem imposto a si? Questões difíceis e profundas, pequeno 6655321” Pág. 97
FILME
A Clockwork Orange é um filme anglo-estadunidense de 1971 escrito, produzido e dirigido por Stanley Kubrick. O personagem Alex é imortalizado na pele de Malcolm McDowell.
A adaptação baseia-se na edição estadunidense do livro, sem o último capítulo. Kubrick afirmou que não tinha lido a versão original até que tivesse praticamente terminado o roteiro, e que nunca tinha considerado utilizá-lo.
O que falar de uma obra-prima cinematográfica? Consegue ser um ótimo filme e adaptação. O capítulo ausente não interfere a qualidade do que assistimos e até favorece para que o enredo tenha um ritmo contínuo. Algumas mudanças são inevitáveis quando se transmite a história para a tela, mas nada está fora de questão. Atuações, trilha sonora, cenário, figurino e fotografia são algumas das menções honrosas.
Se você, assim como eu, demorou tanto tempo para ver esse filme, pare tudo que estiver fazendo, leia o livro e parta para a sessão!
Nota: Esse conteúdo não é indicado para menores de 18 anos, contém cenas de violência e nudez.
CURIOSIDADES
- O romance foi inspirado em um fato real ocorrido em 1944: o estupro, por quatro soldados estadunidenses, da primeira mulher do autor, Lynne.
- É parcialmente escrito em uma gíria influenciada pelo russo e inglês, chamada "Nadsat". Uma sátira à sociedade inglesa.
- Em minha interpretação o título Laranja Mecânica refere-se a uma cobaia manipulada, para exercer uma função que foi programada a fazer. Passagem que inclusive é citada no livro.
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