domingo, 20 de dezembro de 2015

Resenha: O Diário de Anne Frank (Edição Definitiva)

Título Original: Het Achterhuis

Autor: Anne Frank 

Editora: Record 
Edição: 43

Ano: 2014
Páginas: 416

Publicação Original: 1947

Tradução: Alves Calado



Sinopse: O depoimento da pequena Anne Frank, morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã, ainda hoje emociona leitores no mundo inteiro. Seu diário narra os sentimentos, os medos e as pequenas alegrias de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocauto.

Lançado postumamente em 1947 e sendo considerado um dos livros documentais mais importantes do século XX, O diário de Anne Frank foi difundido ao redor do mundo por seu pai, Otto Frank, único sobrevivente do período nazista durante a segunda guerra mundial.

Tudo começa em forma de brincadeira, Anne nomeia seu diário de Kitty e começa a escrever nele o que uma menina de 13 anos poderia escrever nessa fase, sua rotina, desapontamentos, alegrias e frustrações. A coisa fica mais séria quando um membro do governo holandês incentiva as pessoas a escreverem testemunhos do que acontecia durante a guerra, a partir daí, Anne dá uma atenção mais lapidada a seu texto.

Existem 3 versões do diário. A versão a, sem cortes, quando Anne ainda não tinha pretensão de ser lida, uma versão b com alterações feita pela garota, e a versão c, editada por seu pai, trazendo uma versão mais polida e enxuta do que foi na escrito nas versões anteriores. 

A censura pode ter surgido para manter a integridade da família que vivia no anexo secreto, pois Anne tinha uma língua muito ferina sobre eles e a própria mãe, ou ainda para esconder pensamentos mais obscuros e indiscretos da filha, como uma possível tendência homossexual.

O esconderijo
O relato começa antes do confinamento da família indo até sua mudança para o anexo secreto, local de alojamento que ficava num prédio onde Otto Frank trabalhara. Suas descrições começam de um jeito descontraído, até que a nuvem da guerra aparece e vai cobrindo a narrativa de seriedade. O diário conta os problemas enfrentados pelo exílio forçado de 8 judeus e as reflexões de uma jovem garota que fui aprendendo a viver de forma cativa.

Anne Frank tem uma personalidade muito forte. É determinada, destemida, uma garota que tinha um futuro brilhante pela frente. Precoce para sua idade, sempre gostou muito de ler, o que estimulava sua inteligência e sensibilidade. Além disso, conseguia ser esperta e divertida.

“Tenho vontade de escrever e uma necessidade ainda maior de desabafar tudo o que está preso em meu peito. ‘O papel tem mais paciência do que as pessoas’”. Pág. 25

Contudo, tinha uma péssima relação dela com a mãe e a família van Dann (escondida no anexo secreto junto deles). Em sua visão ela é perseguida pelas pessoas do esconderijo. Todos implicam com ela. O relacionamento com a mãe nunca viria a melhorar. A garota foi se descobrindo e descobrindo a vida dentro do anexo. Estudava muito, pensava bastante e nunca deixava de observar o comportamento das pessoas ao redor. 

“As pessoas comuns não sabem quanto os livros significam para alguém escondido. Nossas únicas diversões são ler, estudar e ouvir rádio.” Pág. 142

É triste ver como o simples fato de respirar ar puro pode modificar a disposição de alguém. Além da apreensão em ter que ficar ouvindo bombardeios com medo de ser o próximo alvo.

Em uma miscelânea de emoções (momentos divertidos, momentos alegres que se assemelham a um ficção, momentos de tensão medo e tristeza), essa é uma história real e inevitável que nos faz pensar sobre muitas coisas, sobretudo na maldade do ser humano para com o próximo e no que faríamos se estivéssemos no lugar daquelas pessoas. Aprendendo a dar valor a pequenas coisas que são rotineiras e nos esquecemos de apreciar, como o céu que nos cobre a cabeça. 

“Sinto-me má ao dormir numa cama quente, enquanto em algum lugar meus melhores amigos estão caindo de exaustão ou sendo derrubados. Fico apavorada quando penso em amigos íntimos que agora estão à mercê dos monstros mais cruéis que já assolaram a terra. E tudo porque são judeus.” Pág. 99

Não cheguei a comentar um terço do que o livro mostra, por isso fica a recomendação para que vocês leiam em algum momento esse texto que irá trazer uma outra bagagem a sua vida como pessoa e como leitor.

ÓTIMO

No site da Anne Frank Fonds é possível fazer um tour pela casa que virou patrimônio histórico, auxiliando a visualização durante a leitura e conhecendo mais curiosidades sobre as pessoas que ali viveram.

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“Às vezes, tenho medo de que meu rosto fique flácido com toda essa tristeza e que minha boca fique caída para sempre nos cantos. Os outros não estão em situação melhor. Todo mundo anda apavorado com o grande terror conhecido como inverno.” Pág. 173




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