Editora: FSB Books
Edição: 1
Ano: 2016
Páginas: 311
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Sinopse: Após refletir sobre a Batalha da Queda dos Anjos e outros eventos ocorridos em sua longa existência, Lúcifer conclui que é inútil continuar lutando contra a onipotência, onisciência e onipresença do Altíssimo. Decide então se render e, com esse intuito, vai ao Paraíso, onde Deus lhe faz uma proposta: para ter chances de ser perdoado, ele deverá vir a Terra, na condição de mortal, e, aqui, precisará conviver e fazer algo bom pela humanidade que tanto despreza.
No mundo dos homens, o Anjo Caído buscará sua redenção.
E conhecerá o verdadeiro inferno.
No mundo dos homens, o Anjo Caído buscará sua redenção.
E conhecerá o verdadeiro inferno.
Em A redenção do Anjo Caído conhecemos a criação do universo, antes que houvesse divisão entre céu e inferno. Acompanhamos a conhecida história bíblica sobre a traição de Deus por Lúcifer, só que com um olhar renovado.
Imagine um narrador onisciente (que não seja Deus), que nos conte como um observador externo, e em terceira pessoa, os pensamentos dos dois lados da mesma moeda. Essa é a proposta de Fabio Baptista com um livro totalmente diferente de tudo que podemos ter visto.
Com um texto descritivo, um tanto cru, e bem delineado, temos uma boa introdução sobre as diferentes perspectivas da origem do universo e a escolha entre os caminhos do bem e do mal.
Não há floreios quando se trata dos humanos. O leitor poderá se sentir no centro de uma grande capital ao escutar com naturalidade a voz do povo. Passamos desde o dialeto formal, composto pelos seres celestiais nos planos superiores, a informalidade de pessoas sem instrução no planeta terra, findando na mediocridade dos demônios inferiores.
O autor dá voz a cada personagem e seu respectivo núcleo com muita clareza e precisão. Podemos ouvir, nos ambientar e crer facilmente no que estamos lendo.
“Belial fitou o horizonte e, apesar de sua atenção e pensamentos irem muito além, o olhar parou no inexorável paredão formado pelas Montanhas da Danação, uma cadeia de rocha negra, tão dura quanto diamante, com três vezes a altura e sete vezes o comprimento da maior cordilheira do mundo dos homens, onde magma, sangue e as almas dos suicidas escorriam e haveriam de continuar escorrendo, por todo o sempre – as montanhas não enjoam de nada, afinal. Depois delas, estendia-se, a perder de vista, a Planície dos Avarentos, onde as almas mesquinhas eram enterradas em pé, com as mãos presas às costas, uma ao lado da outra, ficando apenas a cabeça para fora da terra. Quando a carne do rosto dos vizinhos acabava, começavam a gemer de fome e assim continuariam pelo resto da eternidade. Um rápido vislumbre desse campo, ou a simples audição do coral macabro de lamentações que dali emanava, seria suficiente para enlouquecer até o mais centrado dos homens, mas aos Senhores Infernais esse lugar trazia energia revigorante. Além da planície estava o Abismo sem Fim, tão escuro quanto era o universo antes que Deus criasse a luz. Nesse lugar eram jogadas as piores de todas as almas humanas, aquelas com quem até mesmo os demônios mais baixos e vis se negavam a conviver e eram relegadas a uma eternidade de queda, frio, escuro e solidão. Esse era o fosso que isolava a, magnífica a seu modo, Fortaleza das Trevas.”
Humor é outro fator importante na história. Pode parecer sacrilégio (por indiretamente estarmos falando sobre religião), mas Lúcifer, “aquele que brilha como a Estrela da Manhã, o mais notável dentre todos os anjos, arcanjos, serafins e querubins”, é um personagem dicotômico engraçadíssimo. Ora sentimos raiva de suas atitudes desprezíveis e cruéis, ora nos divertimos com seu humor negro, sarcasmo e tiradas atuais.
Sensações humanas, antes desconhecidas para Lúcifer, vão se fazendo presentes. Vergonha, raiva, fome e decepção são alguns exemplos que podemos ter uma ideia através dessa passagem:
“Lúcifer não sabia ao certo porque estava fazendo aquilo, mas sentiu uma vontade estranha de desabafar com a menina que acabara de conhecer. Percebia esse comportamento quando observava os humanos: alguns eram capazes de contar a vida toda e expor terríveis medos e anseios a completos desconhecidos com quem esbarravam nos ônibus, trens ou filas e permanecer no mais sepulcral dos silêncios quando estavam na presença de maridos, esposas, familiares e amigos de longa data. A intimidade e o tempo de convivência pareciam tirar das pessoas o gosto pela conversa, enquanto um rosto novo sempre fazia reacender a chama que aquecia o espírito e gerava uma comichão nas cordas vocais. Era essa vontade de falar e revelar segredos que Lúcifer sentia agora.”
Ademais, sentimentos humanos e as desventuras da vida estão novamente em voga na escrita do autor de “Retratos Falados dos Meus Amores Impossíveis”. Enxergamos exemplos práticos de atitudes diárias feitas por nós e que pouco são percebidas, como a revolta quando algo não sai do jeito que queremos e precisamos culpar alguém, nesse caso Deus.
“[...] Porque, aos soldados, interessa mais a certeza, mesmo que ilusória, de lutar no lado que permanecerá de pé ao final da contenda do que a certeza de lutar no lado certo.”
A grande moral que o livro traz é a de que você não precisar estar no purgatório para sentir como a vida pode ser infernal. O paraíso está onde nos sentimos bem consigo mesmos, nos aceitando, buscando a melhora diária e estando em paz com nossa fé, seja ela qual for.
“Sabia ele muito bem que a salvação da alma não era uma questão de bem ou mal, mas de proximidade ou afastamento do Altíssimo. A fagulha de Caos, que todo ser humano trazia consigo, precisava ser voluntariamente convertida em fagulha divina. Aí entrava o livre arbítrio e a salvação através da aceitação consciente e voluntária do amor e da graça de Deus.”
Vale muito a pena a leitura e recomendo ainda mais o livro no vídeo abaixo.
FAZ LEMBRAR...
Mistura do livro Desastre do autor S. G. Browne com Antes do princípio, do brasileiro Rafael Lima.
Imagine um narrador onisciente (que não seja Deus), que nos conte como um observador externo, e em terceira pessoa, os pensamentos dos dois lados da mesma moeda. Essa é a proposta de Fabio Baptista com um livro totalmente diferente de tudo que podemos ter visto.
Com um texto descritivo, um tanto cru, e bem delineado, temos uma boa introdução sobre as diferentes perspectivas da origem do universo e a escolha entre os caminhos do bem e do mal.
Não há floreios quando se trata dos humanos. O leitor poderá se sentir no centro de uma grande capital ao escutar com naturalidade a voz do povo. Passamos desde o dialeto formal, composto pelos seres celestiais nos planos superiores, a informalidade de pessoas sem instrução no planeta terra, findando na mediocridade dos demônios inferiores.
O autor dá voz a cada personagem e seu respectivo núcleo com muita clareza e precisão. Podemos ouvir, nos ambientar e crer facilmente no que estamos lendo.
“Belial fitou o horizonte e, apesar de sua atenção e pensamentos irem muito além, o olhar parou no inexorável paredão formado pelas Montanhas da Danação, uma cadeia de rocha negra, tão dura quanto diamante, com três vezes a altura e sete vezes o comprimento da maior cordilheira do mundo dos homens, onde magma, sangue e as almas dos suicidas escorriam e haveriam de continuar escorrendo, por todo o sempre – as montanhas não enjoam de nada, afinal. Depois delas, estendia-se, a perder de vista, a Planície dos Avarentos, onde as almas mesquinhas eram enterradas em pé, com as mãos presas às costas, uma ao lado da outra, ficando apenas a cabeça para fora da terra. Quando a carne do rosto dos vizinhos acabava, começavam a gemer de fome e assim continuariam pelo resto da eternidade. Um rápido vislumbre desse campo, ou a simples audição do coral macabro de lamentações que dali emanava, seria suficiente para enlouquecer até o mais centrado dos homens, mas aos Senhores Infernais esse lugar trazia energia revigorante. Além da planície estava o Abismo sem Fim, tão escuro quanto era o universo antes que Deus criasse a luz. Nesse lugar eram jogadas as piores de todas as almas humanas, aquelas com quem até mesmo os demônios mais baixos e vis se negavam a conviver e eram relegadas a uma eternidade de queda, frio, escuro e solidão. Esse era o fosso que isolava a, magnífica a seu modo, Fortaleza das Trevas.”
Humor é outro fator importante na história. Pode parecer sacrilégio (por indiretamente estarmos falando sobre religião), mas Lúcifer, “aquele que brilha como a Estrela da Manhã, o mais notável dentre todos os anjos, arcanjos, serafins e querubins”, é um personagem dicotômico engraçadíssimo. Ora sentimos raiva de suas atitudes desprezíveis e cruéis, ora nos divertimos com seu humor negro, sarcasmo e tiradas atuais.
Sensações humanas, antes desconhecidas para Lúcifer, vão se fazendo presentes. Vergonha, raiva, fome e decepção são alguns exemplos que podemos ter uma ideia através dessa passagem:
“Lúcifer não sabia ao certo porque estava fazendo aquilo, mas sentiu uma vontade estranha de desabafar com a menina que acabara de conhecer. Percebia esse comportamento quando observava os humanos: alguns eram capazes de contar a vida toda e expor terríveis medos e anseios a completos desconhecidos com quem esbarravam nos ônibus, trens ou filas e permanecer no mais sepulcral dos silêncios quando estavam na presença de maridos, esposas, familiares e amigos de longa data. A intimidade e o tempo de convivência pareciam tirar das pessoas o gosto pela conversa, enquanto um rosto novo sempre fazia reacender a chama que aquecia o espírito e gerava uma comichão nas cordas vocais. Era essa vontade de falar e revelar segredos que Lúcifer sentia agora.”
Ademais, sentimentos humanos e as desventuras da vida estão novamente em voga na escrita do autor de “Retratos Falados dos Meus Amores Impossíveis”. Enxergamos exemplos práticos de atitudes diárias feitas por nós e que pouco são percebidas, como a revolta quando algo não sai do jeito que queremos e precisamos culpar alguém, nesse caso Deus.
“[...] Porque, aos soldados, interessa mais a certeza, mesmo que ilusória, de lutar no lado que permanecerá de pé ao final da contenda do que a certeza de lutar no lado certo.”
A grande moral que o livro traz é a de que você não precisar estar no purgatório para sentir como a vida pode ser infernal. O paraíso está onde nos sentimos bem consigo mesmos, nos aceitando, buscando a melhora diária e estando em paz com nossa fé, seja ela qual for.
“Sabia ele muito bem que a salvação da alma não era uma questão de bem ou mal, mas de proximidade ou afastamento do Altíssimo. A fagulha de Caos, que todo ser humano trazia consigo, precisava ser voluntariamente convertida em fagulha divina. Aí entrava o livre arbítrio e a salvação através da aceitação consciente e voluntária do amor e da graça de Deus.”
Vale muito a pena a leitura e recomendo ainda mais o livro no vídeo abaixo.
FAZ LEMBRAR...
Mistura do livro Desastre do autor S. G. Browne com Antes do princípio, do brasileiro Rafael Lima.
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