quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Resenha: Desastre - S.G. Browne

Desastre alta qualidade, resenha
Título:  Desastre
Autor: S.G. Browne

Editora: Leya
Edição: 1

Ano: 2010
Páginas: 272

Tradução: Inês Pimentel

Minha Nota:
BOM










Sinopse: Regra Nº1: Não se envolva com humanos. Num mundo onde os sentimentos, caminhos e valores dos seres humanos são comandados por entidades superiores, o destino pode ser traiçoeiro. Conheça Fado, um imortal que designa sinas aos homens, mora num apartamento de luxo em Nova York e veste uma atraente roupa humana. Solidário com seus clientes e apaixonado por uma vizinha, passa a burlar suas tarefas, alterar destinos e bagunçar as coisas no reino dos Céus. Com um texto leve, hilário e muito atual, Desastre vai fazer você repensar suas escolhas, acreditar no poder do amor, e descobrir que até a Morte não é assim tão má pessoa.

Fado, ou Fábio, como é chamado em sua roupagem humana, é responsável por determinar sinas aos humanos. Como o próprio nome pode sugerir, não é um trabalho tão agradável, uma vez que as pessoas que nascem em sua trilha tem uma vida fadada ao insucesso. Pessoas medíocres, que tinha tudo para conseguir atingir o melhor de suas vidas, mas que por algum razão, não conseguem.

Ele é o personagem-narrador da história, muito irreverente. A princípio pode irritar o leitor por sua arrogância, prepotência e futilidade, mas com o decorrer do enredo cresce a olhos vistos. Tem um corpo esculpido, feito especialmente para ele pelos planos superiores, que não precisa de depilação, tem os músculos sempre em cima, não transpira, mantendo sempre um odor agradável (imagina que maravilha!) 

Contudo, mesmo com todos essas atributos, para Fado a vida na Terra é tediosa, até o dia em que se apaixona por a humana Sara; a qual põe a prova o potencial do seu trabalho, o efeito negativo sobre a vida das pessoas e passa ajudá-lo em sua redenção mesmo não tendo ideia do que ele é na realidade.

Além de Fábio, encontramos também vários sentimentos e pecados como personagens principais. Destino, uma mulher irresistível que sempre usa vermelho e adora sexo sem contato (coisa de seres sobrenaturais); Morte, um cara rancoroso, mal-humorado e que sempre usa luvas-cirúrgicas em suas execuções; Gula, um obeso que tem como único intuito a compulsão alimentar; Carma, um alcoólatra.

Os personagens são inúmeros e aparecem de forma bem caricata, chegando a parecer forçado, como no caso de Gula e Preguiça - onde suas funções se restringem ao próprio nome. O principal concorrente de Fado é Destino. Já que ambos tratam de duas coisas completamente diferentes, alocados em dois extremos - um para o sucesso e o outro para a infelicidade de seus indivíduos.

Acontece que Sara, está na trilha de Destino e há um quê especial nessa mulher que faz com que todos parem quando ela chega em algum lugar, todos lhe esbanjem um sorriso, o que intriga bastante nosso personagem principal.

É à procura de respostas para essa e outras perguntas que Fado passa a alterar a sina de seus humanos, mostrando que com uma única ação de nossa parte - e uma ajudinha divina - todo um caminho que estava à nossa frente pode ser alterado! Mas nada seria assim tão fácil, as coisas passam a ficar turbulentas e essa influência é proibida por Deus, que também está aqui, retratado por Jerry.

Fado descobre da pior maneira que ajudar a seres humanos consumistas, egoístas e superficiais não será tão fácil quanto parece e o tremendo sacrifício que faz pode custar não somente seu emprego, mas sua Imortalidade e o amor da sua vida.

“Os seres humanos têm esse desejo inato de permitir que qualquer outra pessoa dirija suas próprias vidas em vez de descobrir as coisas por si sós. É como se eles não quisessem assumir a responsabilidade por estropiar as coisas, de maneira a se sentir livres para culpar outra pessoa [...] Então, em vez de gastar uns bons momentos sozinhos e descobrir o que realmente querem, tratam de se distrair com televisão, videogames e pornografia”. Pág. 142

***


COMENTÁRIOS

Desastre trata-se de uma crítica a sociedade moderna, moldada de analogias aos sentimentos religiosos e humanos. Mostra, sobretudo, como uma decisão pode pode influenciar nos resultados de nossa vida a longo prazo.

A história tem muitas referências a marcas e acontecimentos americanos, é recheada de sarcasmo e despudor, além de contar com sacadas geniais e plausíveis da realidade.

Depois da metade do livro, há bastante reviravoltas na história - que inclui crimes e mortes. O final não poderia ter sido mais repentino; deixa vago se tudo o que aconteceu já estava programado ou ocorreu devido ao amor que Fábio sente por Sara. Não sou adepto de sagas, adoro livros únicos, mas creio que tenha faltado mais coisas para completar o fim dessa história. Com certeza poderia ser escrito outro livro sob o ponto de vista de Sara.

Fazendo um apanhado geral, os momentos finais esconderam as falhas do livro, mas algumas descobertas foram totalmente previsíveis. Esperei mais dessa leitura, porém é uma indicação para você que queira se divertir, pensar mais sobre as nossas excentricidades e ADORA um bom humor ácido.

DIAGRAMAÇÃO

Os capítulos são curtíssimos e acelera a leitura, em contrapartida, as folhas brancas e as letras pequenas não contam pontos a favor. Não foi encontrado erros de ortografia e a arte da capa é única para o Brasil, que é bem bonita.

ME FEZ LEMBRAR...


“Os humanos são assim. Na média, menos de quarenta por cento do que alguém lhe conta realmente aconteceu. O restante é apenas recheio. Fabricado. Feito para esconder suas falhas e fazer com que pareçam melhores do que são.” Pág. 200

Deixe seu comentário dizendo suas impressões a respeito dessa leitura ou expectativas, caso tenha ficado interessado. É sempre bom estimular uma discussão. ;)

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4 comentários:

  1. PRECISO LER. Mesmo indo com um pé atrás. Só irei pelo humor ácido, rs. O livro em si e a perspectiva que ele quer passar, o olhar, não me agrada muito. Mas pela curiosidade, vou me aventurar. Excelente resenha. Meus parabéns mais sinceros. Saudades daqui, continuas sempre produtivo. hehe Grande abraço!

    Ewerton Lenildo - @Papeldeumlivro
    papeldeumlivro.blogspot.com

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  2. Falam muito pouco desse livro Ewerton, fui precavido, não gostei tanto como pensei, mas deu para dar muitas risadas e ficar instigado. Espero que goste mais do que eu. Obrigado pela visita! Sim, por aqui não para, mesmo quando o tempo está curto. rsrs. Abraços!

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  3. Gostei do nome bem característico dos personagens, essa de criticar a sociedade me lembrou Douglas Adams, e você citou o humor ácido ai completou a dose kkkkkkkk. Só fico "meio assim" por ser sobrenatural, não gosto taaanto mas quem sabe vale a pena arriscar?!


    Abs

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  4. Amanto, só pus a palavra sobrenatural por não encontrar um termo melhor, mas me refiro a essa humanização dos pecados e sentimentos humanos. Entende... Vai muito de cada um, alguns amigos que leram, acharam perfeito. Espero que se divirta.

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