quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Perdão, Leonard Peacock - Matthew Quick (Resenha)

Autor: Matthew Quick

Editora: Intrínseca
Edição: 1

Ano: 2013
Páginas: 224

Tradução: Alexandre Raposo

Minha Nota:
ÓTIMO/FAVORITO










Sinopse: Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.


ENREDO


Leonard Peacock tem 17 anos, hoje é seu aniversário mas ninguém sabe disso, ele não pode se considerar o tipo que tem muitos amigos. Nem a própria mãe se lembrou do dia em que o filho completará seus 18 anos; mas esse é o jeito de Linda, alheia, o que aumentou ainda mais desde que fora viver em Nova York para cuidar da sua grife, deixando o filho sozinho na Filadélfia.

Seu pai é outro com quem não se pode contar. Uma ex-estrela-do-rock de um único sucesso, viciado em álcool e drogas que fugiu para Venezuela, deixando o filho para trás e sabe-se Deus se ainda estará vivo.

Nesse dia, ao colocar o prato de mingau ao lado da arma P-38 herdada pelo do avô durante a Guerra, Leonard pensa que essa imagem anos depois pode ser considerada uma obra de arte. Ainda por cima valerá rios de dinheiro, uma vez que se vende mais quando o artista está morto. É isso que acontecerá hoje, ele matará Asher, um ex-amigo e atual colega de classe e em seguida se suicidará.

Mas antes que isso aconteça ele precisa se despedir das poucas pessoas que compõe o quadro de sua vida, seja presenteando cada um deles com algo simbólico como um punhado de cabelos, um beijo, um cape de brechó ou um estrela de Davi da época do Holocausto.

Na escola é nítida sua diferença dos outros colegas, como são estúpidos aqueles seres que não levam nada a sério, vivem tirando sarro dos seus amigos e ainda mais idiotas por não se darem conta que o garoto mais esquisito da turma carrega uma pistola na bolsa.

Hoje ninguém irritara Leonard, ele não se estressará com nada, nem mesmo com os professores que lhe perseguem e não o compreendem, exceto por Herr Silverman. O único que faz os alunos pensararem e que enxerga a realidade da vida, a essência, sem fantasias. Mas algo intriga Peacock, por que o professor  está sempre com os braços cobertos por mangas compridas?

"Talvez ele tenha braços muito cabeludos, pensei várias vezes. Ou tatuagens de cadeia. Ou uma marca de nascença. Ou tenha queimaduras muito graves. Ou talvez alguém tenha derramado ácido nele durante alguma experiência de ciências na escola. Ou, então, ele era viciado em heroína e seus braços estão cobertos por um zilhão de cicatrizes de agulhas. Talvez ele tenha algum problema circulatório que o faça sentir frio permanentemente." Cap. 3

A idade adulta o intriga, principalmente pelo fato de está prestes a encará-la. Para desvendar o comportamento dos adultos, Leonard cria um jogo faz-de-conta; ele vai até uma estação de trem como um adulto, vestido de terno  (o único que tem e o mesmo que usa em enterros), carrega uma pasta abaixo do braço e segue seu alvo, a pessoa que aparenta maior tristeza dentre todas as que estão indo ao trabalho.

Nem sempre esse jogo dá certo...

Já pensou em escrever cartas do futuro ao seu "eu" do passado? Uma maneira de projetar a vida que você deseja, de modo a prever o que acontecerá de acordo com os seus anseios. É o que Herr Silverman aconselha o aluno fazer. No decorrer dos capítulos conhecemos pessoas que serão importantes na vida de Peacock, uma mistura de realidade com ficção.

A decisão de matar um colega de classe não surgiu do nada, Leonard Peacock não quer ser lembrado por sua maldade, ele que fazer justiça. Algo de muito ruim aconteceu no passado entre ele e seu ex-melhor-amigo Asher e com certeza aflige outras pessoas, mas ele conseguirá mesmo ir até o fim com essa ideia de morte? O que esconde os braços do professor Herr Silverman por debaixo das mangas? A mãe do garoto, despertará para as mudanças que o filho sofre a olhos vistos? Até que ponto um trauma pode afetar na vida de um jovem sem atenção e apoio? 

Com uma história repleta de tensão e drama, Matthew Quick cria um personagem que iguala e quiçá supera as expectativas do seu antigo romance "O Lado bom da Vida", consolidando sua presença na lista dos autores que foram destaque em 2013 no Brasil. 

COMENTÁRIOS

Quão foi minha surpresa ao começar a ler a prévia deste livro, contendo os três primeiros capítulos, e logo me senti fisgado pela história. A narração do autor segue o mesmo estilo que em "O Lado bom da Vida", ou seja, em primeiro pessoa, toldada pelo seu personagem principal masculino.

Como só havia lido um único livro de Matthew não tinha com o que comparar, mas deu para captar a essência da sua escrita nesse livro, com sacadas inteligentes, ideias comportamentais e sociais; essa é uma leitura que ao mesmo tempo que faz pensar, nos choca com tamanhas contradições, emoção e apreensão.

Eu poderia ler muito e muito mais desse livro. Foi tudo muito bem feito e tocante. Fala sobre bullying, abuso, cuidado dos pais com os filhos e a atenção de uma pessoa para com outra. O único ponto "negativo" foi a forma repentina que acabou, estava tão bom que poderia ser mostrado mais da vida de Leonard. Porém, me remetendo a sua outra obra, notei que essa é uma tendência do autor. Ao fim ele conseguiu esboçar uma boa moral.

Vale destacar que, embora seja um sick-lit dramático, as cartas escritas do futuro, garantem uma roupagem de ficção científica a história. Só lendo para descobrir!

DESCREVENDO EM UMA PALAVRA...
Mórbido.

ME FEZ LEMBAR...


BOOK-TRAILER E +


Matthew Quick escreve carta para si próprio no passado (Leia aqui)

Comente com o Facebook:

2 comentários:

  1. Eu não curto muito esse gênero sick-lit, não sei, acho que tem tempo certo para ler algo tão cru e direto. Quero ler o outro livro desse autor, quem sabe depois me animo para ler esse, mas por enquanto, não leria. Parabéns pela resenha.

    Bjs, @dnisin
    www.seja-cult.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Denise, esse gênero é bem peculiar mesmo. Não são todos que gostam e também temos que estar no clima para começar. Eu particularmente adorei esse livro do autor, mais até do que 'O lado bom da vida'. Obrigado pela visita!

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...