A Revolução dos Bichos - George Orwell (Resenha)

Minha edição ao lado da edição da "Companhia das letras".

Título: A Revolução dos Bichos

Autor: George Orwell

Editora: Globo

9ª Reimpressão

Ano: 2006

Páginas: 120

Tradução: Heitor Aquino Ferreira

Minha Nota:

MUITO BOM

Sinopse: Depois de conseguirem livrar-se de seu algoz, o terrível sr. Jones, os animais da Granja do Solar criaram suas próprias leis e imaginaram um mundo utópico de liberdade e plenitude. Porém, uma cruel elite assumiu o controle da sociedade e os bichos se viram novamente enredados num regime totalitário, como nos velhos tempos. Esta fábula, habilmente construída por George Orwell, sobre a traição a um ideal, pelos caminhos da tirania e da corrupção, é ainda tão atual e relevante quanto o foi, em 1945, data de sua primeira publicação.

Tudo começou durante uma noite na Granja do Solar; o sr. Jones havia fechado o galinheiro e se retirado bêbado demais para os seus aposentos, enquanto isso, os animais se reuniam para discutir suas revoltas vividas na fazenda, tendo o velho Major - o mais velho dos porcos em tornos dos seus doze anos de idade - como orquestrador da incitação à revolta.

"O homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o que dê para pegar uma lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a mourejar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante." Pág. 9

Antes fosse essa a proposta que o autor quisesse passar: o abuso dos homens para com os animais, a revolta pelos direitos iguais entre essas classes, mas Orwell vai além disso. Os valores, crenças e senso de realidade dos próprios personagens se metamorfoseiam de modo a deixar confuso aquele leitor pouco atento.

Isso se deve pela manipulação de informações e lavagem cerebral dos animais que dominam o comando das atividades da Granja, os porcos. Poucos dias após o discurso, o velho Major falece, e dois de seus "discípulos" tomam a frente no comando da sua revolução. Esses são Bola-de-neve e Napoleão, animais inteligentes quando comparados aos demais por terem o domínio da escrita e leitura, que renomeiam a Granja Solar por "Granja dos Bichos" após enxotar o dono a pontapés, assim criando os Sete Mandamentos:

"1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
3. Nenhum animal usará roupas.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais." Pág. 22

Acontece que esses mandamentos deixarão de fazer sentido à medida que o tempo passa e é nesse momento que o leitor percebe que existirá o abuso/aproveitamento de poder mesmo na ausência dos humanos, pois os animais dali passam a viver submissos aos novos comandantes.

Outra coisa que pude notar foi que a racionalidade, o ato de pensar e a persuasão garantem o domínio diante daqueles que não têm essa habilidade. Ou seja, se você não tem o que discutir sobre algo, provavelmente abaixará a cabeça e acatará as ordens impostas.

"Quatro pernas bom, duas pernas ruim" Para os animais menos inteligentes, os porcos resumiram os mandamentos apenas nessa máxima que passou a ser repetida constantemente pelas ovelhas.

A ingenuidade também foi outro ponto-chave, uma vez que os animais se sujeitavam ao que os "patrões" mandavam, por acreditar que, se tratando da mesma espécie, todos seriam iguais e não haveria traições. Contudo, o que eles não sabiam era que os próprios porcos invejavam o comportamento e as riquezas dos seres humanos, enxergando-os como referência.

São dez capítulos ao todo e as passagens de tempo ocorrem de forma objetiva e veloz, o final que o autor atribui é incrível, não me arrisco a proferir a última sentença para não entregar revelações sobre o enredo. O que não me fez dar nota máxima ao livro foi a constante situação de injustiça e sobrepujo de poder. Muitas mentiras, maldades e manipulação entre os próprios animais.  

A revolução dos Bichos é uma alegoria em fórmula de fábula que dá vida aos personagens amimais, como fala e costumes, a qual tornou-se um dos melhores Clássicos modernos inglês. Escrito em 1945, em tempos de guerra, é uma crítica a corrupção, traição e poder da ditadura stalinista.

Depois dessa história nunca mais veremos os porcos da mesma forma.