sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Menina que Roubava Livros - Markus Zusak (Livro e Filme)


Título original: The Book Thief
Autor: Markus Zusak

Editora: Intrínseca
Edição: 1 

Ano: 2007 
Páginas: 480

Tradução: Vera Ribeiro

Minha Nota:
ÓTIMO / FAVORITO









A Menina que Roubava Livros conta a história de Liesel, uma menina extraordinária e corajosa enviada para viver com uma família adotiva durante a Segunda Guerra Mundial na Alemanha. Ela aprende a ler com o incentivo de sua nova família e Max, um refugiado judeu que eles estão escondendo sob as escadas. Para Liesel e Max, o poder das palavras e da imaginação se tornar a única saída para os tumultuosos eventos que acontecem ao seu redor.

Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler.

Tudo começa em Janeiro de 1939 (e vai até 1943, alcançando muito tempo depois). Liesel Meminger tinha nove anos, logo faria dez. Seu irmão acabara de morrer. Sua mãe não tinha condições de criá-la e logo ela estaria na casa de Hans e Rosa Hubermann, seus novos pais de criação. Mas ela não iria sozinha, ao entrar na nova casa carregava consigo o livro que roubara num momento de distração que o rapaz que enterrara seu irmão deixara cair na neve, O manual do Coveiro. Esse foi o primeiro de muitos do livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.

Assombrada pela morte do irmão, os pesadelos a perseguem; é na convivência com o pai adotivo que Liesel encontra conforto e segurança. Hans Hubermann é pintor desempregado que vive de bicos pela vizinhança, estudou durante um curto período de tempo, mas o pouco que sabe ensina a filha com suas lições de leitura. Além disso, toca um acordeão como ninguém. Rosa Hubermman, sua mulher rabugenta, vive por limpar e cuidar da roupa das famílias abastadas da região e mesmo com todos os xingamentos e irritação tem um grande coração que se vê preenchido com a chegada de Liesel.

Sau, é claro, refere-se a porcos. No caso de Saumensch, serve para descompor, espinafrar ou simplesmente humilhar uma pessoa do sexo feminino. Saukerl (que se pronuncia "zaukerl") é para os homens. Arschloch pode ser diretamente traduzido por "babaca". Mas essa palavra não diferencia os sexos. E só assim.” Pág. 33

Enquanto a menina que roubava livros se envolvia com a arte de aprender a ler e escrever, seus livros furtados e as brincadeiras com os meninos da Rua Himmel, a Alemanha nazista se transformava a cada dia num campo minado, dando trabalho dobrado à Morte.

Há outros personagens fundamentais nessa história, como Rudy Steiner, o melhor amigo e namorado que a garota nunca teve, que está sempre ao seu lado nas brincadeiras, confusões e muitos dos roubos. Ilsa Hermann, a mulher do prefeito, que cedia a biblioteca de sua casa para alimentar a paixão da menina - outra melhor amiga que tardou em ser reconhecida como tal. Ou Max Vandergurg, o judeu que passou tempos vivendo no porão da casa dos Hubermman, figurando aquele que Liesel lembraria até seu último dia de vida. 

A Morte (narradora da história da roubadora de livros), perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa deste duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto, um sucesso absoluto - e raro - de crítica e público.

COMENTÁRIOS

Esses é um daqueles livros que não podemos contar ou mesmo lembrar a história inteira de tão completo e cheio de detalhes que é. Li a primeira vez esse livro entre o fim de 2011 e o início de 2012, lembro que fui digerindo aos poucos e passei um mês com ele, cada dia lia um pouco. Passei a notar que os livros mais difíceis e que nos testam, fazendo com que o deixemos de lado por um tempo para então regressar, são aqueles que tornam-se os favoritos da vida.

A narrativa é fluida, as apreciações são excelentes, o texto é cíclico e o final é lindo, de dar lágrima nos olhos. Ainda não conheço nenhum outro livro de Markus Zusak, mas por esse ele já conquistou a mim e a vários leitores pelo mundo.

UMA VERDADEZINHA 
"Eu não carrego gadanha nem foice. Só uso um manto preto com capuz quando faz frio. E não tenho aquelas feições de caveira que vocês parecem gostar de me atribuir à distância. Quer saber a minha verdadeira aparência? Eu ajudo. Procure um espelho enquanto eu continuo.” Pág. 271


No decorrer do livro a narradora dá spoilers da própria história, antecipando o que virá a seguir e atiçando a curiosidade do leitor. Quando você já leu a história e reler, fica mais claro como ela revela pontos-chave muito antes de acontecer. Sobre as ilustrações e inserção de livros feitos a mão, de Max para Liesel: que beleza! Parece que estamos lendo um livro dentro de outro livro.

“Mas Rudy Steiner não pôde resistir a um sorriso. Em anos vindouros, ele seria um doador de pão, não um ladrão — mais uma prova de como o ser humano é contraditório. Um punhado de bem, um punhado de mal. E só misturar com água.” Pág. 150 Exemplo de como a Morte pode antecipar o enredo.

CURIOSIDADE

Uma coisa que reparei que não tinha me dado conta na primeira vez que li este livro foi que a Morte nos diz que 10 livros marcaram a vida de Liesel, sendo os mesmos livros que compõem as 10 partes que o livro é dividido. Na verdade a história se chama assim - A menina que roubava livros - porque foi esse o apelido dado a Liesel pela morte. A própria menina escreveu suas memórias num pequeno livro que a morte surrupiou. (Desculpem-me a repetição da palavra LIVRO, mas são tantos aqui presentes que fica impossível encontrar um sinônimo equivalente)

“No cômputo final, ela possuía quatorze livros, mas via sua história como predominantemente composta por dez deles. Desses dez, seis foram roubados, um apareceu na mesa da cozinha, dois foram feitos para ela por um judeu escondido, e um foi entregue por uma tarde suave, vestida de amarelo.” Pág. 31

***

FILME

Foi estreado em 31 de Janeiro de 2014. Dirigido por Brian Percival (Downton Abbey), tem duração de 2h e 11 minutos e se enquadra no gênero drama. Possui nacionalidade americana e alemã, contando com Geoffrey Rush, Emily Watson e Sophie Nélisse estão nos papéis principais, interpretando Hans Hubermann, Rosa e Liesel Meminger, respectivamente.

Se eu tivesse que dar uma nota, o filme seria 8 e o livro 10. Mesmo assim é uma boa classificação, chegando bem perto da excelência. Vale destacar que uma adaptação de um livro na proporção deste nunca seria completa com um período tão curto de tempo. Porém, os produtores souberam aproveitar o pouco que tinham e fazer um trabalho primoroso que chega bem perto do que a história original quis transmitir.






DIFERENÇA ENTRE LIVRO E FILME

[Esse tópico NÃO contém revelações sobre o enredo, fiquem tranquilos]


O livro é mais cruel, mostra mais abertamente as verdades que acontecem em tempos de guerra; o filme mascara um pouco isso. Algumas coisas ficaram de fora, como por exemplo: os filhos de Hans; os irmãos de Rudy; os amigos de furto de Liesel e Rudy; e principalmente sobre como Max foi parar na vida daquelas pessoas. O que fez Hans aceitar e pôr em risco a família ao abrigar um judeu?

A Liesel narrada e que vem à minha cabeça é bem magricela e  'sujismunda', o que não quer dizer que a escolha de Sophie Nélisse para o papel deixou a desejar, pelo contrário, deu um toque especial a personagem e a atriz soube emocionar como ninguém.


Rudy na verdade tem 2 algozes ao invés do único garoto que o atormenta, e se mete em muitas confusões por sua imprudência e estupidez. A escolha do ator também foi muito semelhante ao original, Nico Liersch é uma fofura em forma de criança.


Outras mudanças:

-Não foca muito no envolvimento e aquisição de cada um dos livros de Liesel. 

-Liesel é mais rebelde do que a adaptação mostra. Quando ela chega na nova casa, por exemplo, se recusa a sair do carro e fica presa ao portão até que a arrancam de lá.

-Na cena que um livro é jogado no rio, Liesel está com O Assobiador, que roubou da casa do prefeito, não com um diário revelando a verdade sobre Max está em seu porão.

-No porão, durante os atentados da guerra, ela ler O Assobiador e carrega todos os seus livros como numa forma de protegê-los, não cria histórias da própria cabeça como acontece no filme.

-A relação de Ilsa Hermann e Liesel não é bem explorada no filme. Evitando spoilers, digo que a personagem é fundamental para o desfecho e salvação da vida de Liesel. 

-A morte não aparece, só ouvimos a sua voz. No livro, a morte é descrita no gênero feminino, no filme com a voz incisiva e misteriosa de um homem.

UMA DEFINIÇÃO NÃO ENCONTRADA NO DICIONÁRIO 
"Não ir embora: ato de confiança e amor, comumente decifrado pelas crianças.” Pág. 37

***

Deixe seu comentário sobre qual sua relação com o livro e/ou filme. Gostaram da adaptação? Espero que o post não tenha ficado muito cansativo, apreciem e compartilhem ;)

Comente com o Facebook:

7 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...