quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Urdume / Urdidrumbe de Rubem Leite

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“– Olha a lua minguante. – Mas não é lua minguante. – É claro que é lua minguante. Com essa política de lua e esse povo à míngua... é claro que é lua minguante”.  

Urdume não é um livro de queixumes e sim, uma obra de exorcismo. Nele se encontram lamentos de amor, raiva e dor exacerbada. Divididos em capítulos que agregam a alma humana em sua mais complexa forma, não somente de sentimentos apurados, mas também em sua posição significativa no mundo, esta obra leva o leitor a pensamentos intensos em poucas linhas.

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Edição bilíngue (português e espanhol): Amazon


Não estou acostumado a ler poesias. Toda minha bagagem literária - seja ela do tamanho que for - adquirir pelos romances que li (Literatura narrativa em prosa, mais ou menos longa, na qual se relatam fatos de diferentes caraterísticas).

Contudo, adoro apreciar coisas novas e preferencialmente de âmbito nacional. A cultura do nosso povo é inenarrável. Foi de forma despretensiosa que comecei a ler Urdume, primeiro livro de poesias escrito pelo mineiro Rubem Leite, que conta com uma coletânea de poemas escritos entre os anos de 2002 e 2005.

O livro é dividido em três partes - Feliciano Weber; Amei quem não amo mais e Quem poderia ser? -, cada uma delas traz um sentimento e temática diferenciada. Porém, a exploração do "amor perdido" é notória diante dos textos, o que me fez pensar na origem da questão:

Esses poemas são baseados em um único amor perdido - algo que já se alude no prefácio do livro -, de uma amizade que não durou mais, ou ainda, de algo onde criou-se um vínculo mas esse se degradou?

Pode ser que eu esteja divagando demais e essa coletânea seja apenas um conjunto de experiências e corações partidos. O interessante na leitura, essa em especial, é justamente isso: aludir sobre a origem do problema; sobre as questões que envolvem o entorno do poema.

Gostei das referências que o autor faz ao título dos poemas - normalmente a alguma canção ou símbolo da literatura e da música - bem como as citações de algum outro autor, ou pessoa desconhecida a quem esteja lendo (embora todas fosse do meu conhecimento). 

Tudo que você lê e que não venha a saber sua origem é devidamente explicado, pois aqui tem-se também pitadas do regionalismo Mineiro. Rubem Leite faz acreditarmos no sentimento da escrita; essa que se assemelha as frustrações ou dúvidas e desapontamentos que enfrentamos em diversos setores da vida.

Um dos meus poemas preferidos:

DESGASTE PERNICIOSO V 

Na comemoração estou só. Quero estar com eles e com quem 
amei, mas me quero muito mais. Certo ou errado eu me quero. 
Mas me fechei e continuo só. Devo me abrir? Por quê? Como? 

Se me abro serei o que querem se me fecho serei o que sou. Que 
escolher? Que escolher? Quero que me gostem, mas não sou menor. 
Não sou pior. 

Nem sou melhor. Eu sou eu e só. E os outros? Os outros são 
os outros. 

Quero os outros. Me quero! Se você e os outros me doem, eu sou minha cura.


Esse é um daqueles livro que ficam na cabeceira para lermos várias e várias vezes por tamanha agradabilidade que nos transmite. Outro ponto positivo é a tradução para o espanhol que traz um novo charme ao texto e a qual teve o cuidado de serem feitas algumas adaptações para a língua sem a perda da emoção e do sentido.

MUITO BOM

Ficou curioso? Leia os primeiros trechos do livro no material de divulgação; basta clicar aqui para fazer o download em formato Epub. Ou ainda, adquira o livro no site da Amazon e ajude a prestigiar o trabalho do autor.

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