Adquira o Livro! |
Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: Martin Claret
Edição: 1
Ano: 2013
Páginas: 912
Publicação original: 1880
Publicação original: 1880
Tradução: Herculano Villas-Boas
Adicione no Skoob!
Sinopse: Um livro ao mesmo tempo filosófico e policial, que trata da
conturbada relação entre o devasso Fiódor Karamázov e seus três filhos:
Aliócha, "puro" e místico; Ivan, intelectual e atormentado; e Dmitri,
orgulhoso e apaixonado. Último romance de Dostoiévski, Os irmãos Karamázov representa uma
síntese de toda sua produção e é tido por muitos como sua obra-prima.
Um marco da literatura universal, influenciou pensadores como Nietzsche e
Freud, que o considerava "o maior romance já escrito" -e sucessivas
gerações de escritores em todo o mundo.
ENREDO
A narrativa trata da história de uma conturbada família em uma cidade
na Rússia. Seu patriarca é Fiódor Pavlovitch Karamázov, um devasso que subiu na vida principalmente devido aos dotes de
suas duas mulheres - ambas mortas de forma precoce -, e à sua mesquinharia.
Com a primeira mulher tem um filho, Dmitri Fiodorovitch Karamázov, que é
criado primeiramente pelo empregado que mora na isbá ao lado de sua casa e
depois por Miússov, parente de sua falecida mãe. Com a segunda mulher
tem mais dois filhos: Ivan e Alexei Fiodorovitch Karamázov, que também são
criados também por um parente próximo.
Ao
passo que Ivan se torna um intelectual, atormentado por sua
inteligência, Alexei se torna uma pessoa mística e pura, entrando para
um mosteiro na cidade.
De uma desavença financeira entre o pai e seu primogênito - também
devasso, porém honrado -, nasce a disputa por uma mulher, Gruchénka,
levando a conflitos que resultarão na morte de Fiódor
Pavlovitch Karamázov.
COMENTÁRIOS
Provavelmente o nome Karamázov foi forjado a partir da
palavra "kara", que significa castigo ou punição, junto do verbo
"mázat", equivalente a sujar ou não acertar. Denotaria, então,
aquele que com seu comportamento errante vai tecendo a sua própria desgraça.
O livro tem um cunho religioso e filosófico, com diálogos existenciais. Ademais traz camadas de literatura policial (resolução de um crime), romanesca (personagens emotivos com tendência ao drama) e psicológica (monólogos extensos, ainda que na presença de um interlocutor, para esboçar uma ideia). A forma de criar personagens e ambientação faz lembrar “Os Miseráveis”de Victor Hugo, não por acaso, o que é um grande elogio.
Dostoiévski contará a história se apresentando como biógrafo da família Karamázov. Suas descrições às vezes imprecisas e vagas (oras não sabe, oras não lembra), o torna um narrador duvidoso.
Este dá justificativas para falhas técnicas na sua própria narrativa (na pag. 316, por exemplo, onde diz “às vezes o mestre perdia o fôlego”), pondo a culpa em personagens ou com o intuito de ser objetivo, apesar do livro possuir aproximadas 900 páginas.
De igual modo, o autor-narrador deixa lacunas bem sutis para posteriormente nos pôr em dúvida sobre o que realmente aconteceu e, como se fossemos uma das pessoas que ali viviam, ficamos sem saber em quem acreditar. Já que em relação ao crime, as provas indicam para um e os depoimentos apontam para outro. Pode levar um tempo até que todas as peças se juntem na cabeça do leitor até que a conclusão da obra-prima criada por Dostoiévski se faça presente.
Sobre a tradução, embora não leia a língua russa, considero boa, sem erros de revisão. Mias informações sobre a leitura, vocês poderão encontrar no vídeo abaixo.
O livro tem um cunho religioso e filosófico, com diálogos existenciais. Ademais traz camadas de literatura policial (resolução de um crime), romanesca (personagens emotivos com tendência ao drama) e psicológica (monólogos extensos, ainda que na presença de um interlocutor, para esboçar uma ideia). A forma de criar personagens e ambientação faz lembrar “Os Miseráveis”de Victor Hugo, não por acaso, o que é um grande elogio.
Dostoiévski contará a história se apresentando como biógrafo da família Karamázov. Suas descrições às vezes imprecisas e vagas (oras não sabe, oras não lembra), o torna um narrador duvidoso.
Este dá justificativas para falhas técnicas na sua própria narrativa (na pag. 316, por exemplo, onde diz “às vezes o mestre perdia o fôlego”), pondo a culpa em personagens ou com o intuito de ser objetivo, apesar do livro possuir aproximadas 900 páginas.
De igual modo, o autor-narrador deixa lacunas bem sutis para posteriormente nos pôr em dúvida sobre o que realmente aconteceu e, como se fossemos uma das pessoas que ali viviam, ficamos sem saber em quem acreditar. Já que em relação ao crime, as provas indicam para um e os depoimentos apontam para outro. Pode levar um tempo até que todas as peças se juntem na cabeça do leitor até que a conclusão da obra-prima criada por Dostoiévski se faça presente.
Sobre a tradução, embora não leia a língua russa, considero boa, sem erros de revisão. Mias informações sobre a leitura, vocês poderão encontrar no vídeo abaixo.
CITAÇÕES
“Um verdadeiro realista, se é incrédulo, encontra sempre em si a força e faculdade de não crer mesmo no milagre e, se este último se apresenta como um fato incontestável, duvidará de seus sentidos em vez mesmo de admitir o fato. Se o admitir, será como um fato natural, mas desconhecido dele até então. No realista, a fé não nasce do milagre, mas o milagre da fé. Se o realista adquire a fé, deve necessariamente, em virtude de seu realismo, admitir também o milagre. O apóstolo Tomé declarou que não acreditaria enquanto não visse; em seguida, diz: "Meu Senhor e meu Deus!" Pág. 39
“Sobretudo não minta ao senhor mesmo. Aquele que mente a si mesmo e escuta sua própria mentira vai ao ponto de não mais distinguir a verdade, nem em si, nem em torno de si; perde pois o respeito de si e dos outros. Não respeitando ninguém, deixa de amar; e para se ocupar, e para se distrair, na ausência de amor, entrega-se às paixões e aos gozos grosseiros; chega até a bestialidade em seus vícios, e tudo isso provém da mentira contínua a si mesmo e aos outros. Aquele que mente a si mesmo pode ser o primeiro a ofender-se. É por vezes bastante agradável ofender a si mesmo, não é verdade? Um indivíduo sabe que ninguém o ofendeu, mas que ele mesmo forjou uma ofensa e mente para embelezar, enegrecendo de propósito o quadro, que se ligou a uma palavra e fez dum montículo uma montanha — ele próprio o sabe, portanto é o primeiro a ofender-se, até o prazer, até experimentar uma grande satisfação, e por isso mesmo chega ao verdadeiro ódio...” Pág. 59-60
"[...]Numa palavra: trabalho por um salário, exijo-o imediatamente, sob forma de elogios e de amor em troca do meu. De outro modo, não posso amar ninguém.” Pág. 72-73
“"Eu amo", dizia ele, "a humanidade, mas admiro-me de mim mesmo. Tanto mais amo a humanidade em geral, quanto menos amo as pessoas em particular, como indivíduos. Muitas vezes tenho sonhado apaixonadamente em servir à humanidade, e talvez tivesse verdadeiramente subido ao calvário por meus semelhantes, se tivesse sido preciso, muito embora não possa viver com ninguém dois dias no mesmo quarto. Sei-o por experiência. Desde que alguém está junto de mim, sua personalidade oprime meu amor-próprio e constrange minha liberdade. Em 24 horas, posso mesmo antipatizar com as melhores pessoas uma, porque fica muito tempo na mesa, outra, porque está resfriada e só faz espirrar. Torno-me o inimigo, dos homens, apenas se acham eles em contato comigo. Em compensação, invariavelmente, quanto mais detesto as pessoas em particular, tanto mais ardo de amor pela humanidade em geral." Pág. 73
“[...] Quanto mais tolo, mais claro. A tolice é concisa e sem armadilhas, enquanto a inteligência dá muitas voltas e nunca chega ao ponto certo. A inteligência é desleal; a tolice é honesta e vai direto ao assunto.” Pág. 263
“Os ciumentos são os primeiros a perdoar, todas as mulheres sabem disso. Perdoariam (após uma cena terrível, bem entendido) uma traição quase flagrante, os abraços e beijos de que foram testemunhas, se fosse a derradeira vez, se seu rival desaparecesse, partisse para o fim do mundo e eles mesmos partissem com a bem-amada para um lugar onde ela não tornaria a encontrar mais o outro. A reconciliação, naturalmente, não é senão de curta duração, porque na ausência de um rival o ciumento inventaria um segundo. Ora, que vale tal amor, objeto de uma vigilância incessante? Mas um verdadeiro ciumento não o compreenderá nunca. Há, no entanto, entre eles, pessoas de sentimentos elevados e, coisa de espantar, quando se acham eles à escuta num esconderijo, ao mesmo tempo que compreendem a vergonha de sua conduta, não experimentam no momento nenhum remorso.” Pág. 422-423
“- Ao contrário, eu não tenho nada contra Deus. Naturalmente, Deus é apenas uma hipótese... mas... reconheço que ele é necessário para a ordem... parar a ordem universal, e assim por diante... E, se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo.” Pág. 630, Kólia.
“Ele lhe deu a vida, você é sangue de seu sangue, eis por que você precisa amá-lo”. Então, o jovem começa, involuntariamente, a refletir: “ele me amava enquanto me dava a vida?, pergunta-se o jovem, cada vez mais surpresa, “Foi a mim, por mim, que ele deu a vida? Ele não me conhecia, nem ao menos sabia o meu sexo, naquele momento de paixão, talvez animado e embalado pelo vinho; no máximo transmitiu-me, talvez, a sua sede, a sua imensa vontade de beber, eis todas as suas boas ações... Então, por que devo amá-lo, pelo simples fato de ele me ter dado a vida, se, a seguir, logo após, ele nunca, jamais me amou?”. Pág. 874 Um erro legal.
ÓTIMO |
Nenhum comentário:
Postar um comentário