sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Resenha: Contos Russos - Tomo II (Martin Claret)

Autor: Ivan Turguênev 
Editora: Martin Claret 
Edição: 1

Ano: 2015
Páginas: 202

Tradução: Oleg Almeida
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Este livro é o segundo tomo da coletânea de contos clássicos russos, elaborada pela editora Martin Claret. As obras que o compõem (O primeiro amor, de Ivan Turguênev, e Lady Macbeth do distrito de Mtsensk, de Nikolai Leskov) têm o mesmo objetivo de revelar a máxima verdade sobre o mundo cada vez mais desenvolvido e menos humano, mas seus autores lançam mão de técnicas bem distintas para alcançá-lo: enquanto o realista Turguênev busca ligar a conduta do homem aos misteriosos impulsos espirituais, o naturalista Leskov analisa a sua motivação meramente fisiológica.

O primeiro amor baseia-se num episódio real da juventude do autor Ivan Turguênev, atingindo verossimilhança psicológica ao contar a história de amor platônico do jovem Vladímir pela ousada e talvez indecente princesa Zináida, que, após se mudar com a mãe, vive em condições de plebe. 

Com lirismo e uma narração que se exime de autoria (realismo), Turguênev transmite emoções de forma sutil, sem que se observe sua interferência, em um estratagema com traços suspeitos ao leitor mais esperto, os quais o protagonista só descobrirá quando presenciá-lo de frente.

“Deus sabe por quem procurava aquele longo beijo de despedida, mas fui eu quem provou, com avidez, a sua doçura. Sabia que ele não se repetira nunca mais.” Pág. 108

Lady Macbeth do distrito de Mtsensk é uma narrativa sombria e cortante, tratando sobre o lado obscuro da natureza humana na forma de um ensaio frio e imparcial. A história descreve o destino de Katerina Lvovna, uma mulher casada por interesse que, sexualmente frustrada e oprimida no ambiente machista do lar, comete adultério com um dos seus empregados, seguido por uma série de delitos cruéis, com o intuito de ser feliz nos braços do amante e ainda estar impune aos olhos da sociedade.

Nikolai Leskov, por representar o naturalismo, escreve de uma forma mais objetiva, apagando a fronteira entre o fato e a ficção. O que fez com que esse conto me lembrasse Madame Bovary, que no entanto se encontra na categoria de romance realista.

O que podemos concluir ao fazer essas duas leituras é como um mesmo sentimento pode causar reações tão contrastantes. Enquanto um emociona, o outro choca. Ambos realizando essa tarefa com maestria.

SOBRE A EDIÇÃO

Você também já pode conferir a resenha do primeiro tomo de contos russos. Abaixo segue o unpacking mostrando completamente os exemplares. As traduções ficaram a cargo de Oleg Almeida, a edição ainda inclui notas de rodapé, texto introdutório e referencial sobre os autores. Fica a dica de dois ótimos livros!



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