quarta-feira, 25 de março de 2015

Madame Bovary - Gustave Flaubert (Livro e Filme)

Título original: Madame Bovary - Moeurs de province


Editora: Martin Claret 
Edição: 1

Ano: 2014
Páginas: 400

Publicação Original: 1857

Tradução: Herculano Villas-Boas
Adicione no Skoob

Minha Avaliação:
ÓTIMO






Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert e publicado em 1857. O livro é considerado pioneiro dentre os romances realistas; tornou-se famoso por sua originalidade e pelo escândalo que levou seu autor a julgamento na França.

Flaubert foi levado aos tribunais ao ser acusado de ofensa à moral e à religião e aos bons costumes. Sua absolvição, posteriormente, não fez com que os críticos puritanos da época perdoassem o autor pelo tratamento cru que tinha dado, no romance, ao tema do adultério, pela crítica ao clero e à burguesia.

Gustave Flaubert teve um trabalho exaustivo, que durou 5 anos, ao escrever Madame Bovary. Ao que tudo indica, passa cerca de 12 horas diárias focado com o intuito de chegar a perfeição entre a aliteração, ironia e comparações sociais.

HISTÓRIA

O livro conta a história de Emma Roualt, uma mulher sonhadora pequeno-burguesa, criada no campo, que aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental (romântica). Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles Bovary, um médico interiorano tão apaixonado pela esposa quanto entediante. 

Nem mesmo o nascimento da filha dá alegria ao indissolúvel casamento ao qual a protagonista se sente presa. Emma, cada vez mais angustiada e frustrada, busca no adultério uma forma de encontrar a liberdade e a felicidade. 

Apesar da intensa procura de uma vida digna, dificilmente consegue sentir-se satisfeita com o que é e o que tem. O que será de Madame Bovary?

IMPRESSÕES

Flaubert tem uma cadência suave e prazerosa ao trocar pontos de vista e cronologia de sua história; mostrando o passado, chegando ao presente, e vice versa. 

Tudo começa a ficar melhor com a mudança de cidade de madame. Novos personagens são inseridos, bem como diferentes pontos de vista.

A atração que Emma sente por outros homens chega gradativamente. Léon, primeiro homem a ser enxergado com segundas intenções, é apenas o estopim para que madame cometa adultério, já que ambos se gostam mas não ousam dizer um ao outro por questões de moral.

O farmacêutico Homais de Yonville-l'Abbaye é um dos melhores personagens no quesito crenças e ideias do livro.

Emma é o tipo de pessoal que não faz nada por si. Ela sempre precisa da ação do outro, que o outro realize seus desejos, para que assim se satisfaça. O que a faz por a culpa sempre em alguém, exceto nela mesma.

Chega a ser engraçado e interessantíssimo ver a perspectiva do amante que não quer se comprometer e faz papel de mártir que a ama, e mesmo assim a deixará. Um garanhão insensível esteriotipado propositalmente por Flaubert. 

Madame Bovary é uma personagem irritante e egocêntrica, beirando o desagradável. Igual acontece em O Retrato de Dorian Gray e seu protagonista, ela não é nada carismática, porém uma mera mortal que, em algum momento da vida, já foi refletida em um de nós.

Há ainda o caráter financeiro e ostentador de Emma, que se transforma em uma bola de neve com dividas, promissórias e hipotecas. Charles é o responsável da casa, bom até o último suspiro, não desconfia e nem acredita que Emma possa estar aprontando. É um personagem que, de tão alheio, chega a dar pena.

IMPORTÂNCIA LITERÁRIA

Em alguns casos, quanto maior o escândalo, maior o interesse provocado nos leitores. Madame Bovary, além de causar furor na época, foi além e criou um novo estilo literário, conhecido posteriormente por Realismo que vem contra ao Romantismo, tão usual à época.

Pela influência do romance/personagem, surge o termo bovarismo, que consiste em uma alteração do sentido da realidade, na qual uma pessoa possui uma deturpada autoimagem, na qual se considera outra, que não é. Em termos mais gerais, o bovarismo faz referência ao estado de insatisfação crônica de um ser humano, produzido pelo contraste entre suas ilusões e aspirações, e a realidade frustrante. 

SOBRE A EDIÇÃO

O sentido das ironias de Flaubert é mais evidente no texto original, que é quase imperceptível no português. Daí a importância das notas de rodapé e explicações, que variam de tradutor para tradutor. A edição foi traduzida por Herculano Villas-Boas e contou com a revisão técnica de Oleg Almeida. Mais informações é possível ver no vídeo abaixo:


FILME

Madame Bovary é um filme franco-teuto-italiano de 1991, dirigido por Claude Chabrol, e estrelado pela atriz Isabelle Huppert.

Com boas atuações, caracterização, fotografia e enredo. O filme pode ser considerado muito bom para aqueles que gostaram do filme.

Deixa um pouco a desejar no desfecho, que suprime algumas informações, acabando abruptamente para chocar o expectador, e no início, onde começa já no momento que Charles se encontra com Emma pela primeira vez.

É aceitável para uma adaptação, de modo que a duração do filme não seja longa e se mantenha a essência do enredo.

Fica uma ótima recomendação, que vale principalmente pela atuação de Isabelle Huppert, perfeita no papel de Emma.

Ainda está em dúvida se deve ou não encarar a leitura? Assista o vídeo e ouça sobre tudo que foi comentado!


Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...