terça-feira, 26 de novembro de 2013

Conhecendo o Autor: Edgar Allan Poe



Bóston 1809 - Baltimore 1849

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 1809, e faleceu em Baltimore em 1849. Filho de atores, muito cedo viu desaparecer os pais, vitimados pela tuberculose. Edgar e seus irmãos foram recolhidos por pessoas de família, tendo ele sido adotado por um tio rico, com quem conheceu um verdadeiro lar. No entanto, os anos de miséria e a morte dos pais desenvolveram no jovem um espírito mórbido, que a sua natureza enfermiça mais propiciou.

Em 1827 abandona a casa do pais adotivos, vivendo por uns tempos um período de instabilidade emocional. Matricula-se na Academia Militar de West Point, mas depressa se manifesta avesso à disciplina militar e é expulso. Publica ainda esse ano o seu primeiro livro de poesia, Tamerlane and other poems, by a Bostonian. 

Em 1833 ganha um prêmio instituído pelo jornal Philadelphia Saturday Visitor com o seu conto Manuscrito encontrado numa garrafa. O diretor do jornal, vendo a situação de miséria e depressão em que Poe vivia, consegue-lhe um lugar de vice-diretor do Southern Literary Messenger, onde ficará por pouco tempo, pois que, devido à sua permanente morbidez, se tornara num alcoólico inveterado.

Casa com sua prima Virgínia, uma noiva-criança, com 13 anos apenas, junto de quem parece adquirir um pouco de confiança em si. Trabalha em vários jornais em Nova Iorque e Filadélfia. Nesta cidade aparece em 1840 a sua primeira coleção de contos. Tales of grotesque and arabesque. O ano de 1840 foi de grande atividade literária: escreveu Os crimes da Rua Morgue, criando a figura do detetive Dupin, predecessor de Sherlock Holmes, e desempenhou funções de chefe de redação do Graham's Magazine.

A doença da mulher, atacada de tuberculose, tem sobre ele nefasta influência, fá-lo voltar ao alcoolismo e leva-o a procurar a companhia duma poetisa menor, Frances Osgood, na tentativa de se furtar talvez ao trágico ambiente familiar. Em 1847 morre sua mulher e Poe mergulha num estado de desespero que o leva a procurar novas mulheres e a passar a maior parte do seu tempo embriagado. 

Em Outubro de 1849, numa taberna, é encontrado em profundo estado de embriaguez. Levado ao hospital, ali morre três dias depois.

***

A LITERATURA



Em termos didáticos, podemos dizer que o universo ficcional de Poe gira em torno de grandes eixos. Um é o dos contos de estrutura detetivesca, de crimes e vestígios, que trabalham com a solução de um problema do ponto de vista policial.

O segundo eixo narrativo se liga ao sobrenatural, à loucura, ao instinto demoníaco, temas dos quais Poe foi um aficionado e também um dos melhores cultores. Poderíamos defini-las como narrativas de possessão. São exemplos O gato preto, A máscara da morte rubra, A queda da casa dos Usher, O coração revelador, entre tantas outras. Nelas o escritor consegue sempre aliar intensidade narrativa a um conhecimento profundo da alma e dos demônios humanos. 

A terceira perspectiva notável em sua obra e bastante importante que abrange alguns contos criptográficos. Tais obras também estão ligadas a enigmas, mistérios, decifração de manuscritos, sinais, símbolos, alegorias, códigos, mas não se vinculam tanto ao gênero Policial. São contos como William Wilson, O retrato oval e O escaravelho de outro, entre outros.

COLETÂNEA DE OBRAS


O corvo, o gato preto, cemitério e Poe

As antologias de contos de Edgar Allan Poe que receberam o nome de Histórias extraordinárias no Brasil, sobretudo a primeira coletânea (Cultrix, 1958) traduzida por José Paulo Paes, foi inspirada na mesma que Charles Baudelaire organizou, traduziu e enfeixou sob o título de Histoires extraordinaires.

Charles Baudelaire Vs José Paulo Paes
"Histoires extraordinaires" à esquerda e a primeira coletânea de contos de Poe no Brasil. 

É interessante esclarecer que o nome "Histórias extraordinárias" como um título no Brasil, refere-se a qualquer coletânea que se queira, com qualquer quantidade de contos que se pretenda. Seguem os exemplos, cada um com diferente número de contos:

capas edições de Histórias Extraordinárias

capas das edições de Histórias Extraordinárias

Poesia
  • Um sonho num sonho (1827)
  • Tamerlão (1827)
  • Al Aaraaf (1829)
  • A cidade no mar (1831)
  • Israfel (1831)
  • Hino (1835)
  • A Zante (1837)
  • O corvo (1845)
  • Ulalume (1847)
  • Para Annie (1849)
  • Os sinos (1849)
  • Annabel Lee (1849)
Prosa - Histórias de Detetive
  • Assassinatos na rua Morgue (1841)
  • A carta roubada (1845)
  • O mistério de Marie Rogêt (1850)
Contos
  • Manuscrito encontrado numa garrafa (1833)
  • Berenice (1835)
  • Ligéia (1838)
  • A queda da casa dos Usher (1839)
  • William Wialson (1839)
  • Descida no Maelstrom (1841)
  • A máscara da Morte Rubra (1842)
  • O poço e o pêndulo (1842)
  • O coração revelador (1843)
  • O gato preto (1843)
  • O caso do senhor Valdemar (1845)
  • O barril de Amontillado (1846)
  • O demônio da perversidade (1850)
  • O homem das multidões (1850)
  • A esfinge (1850)
  • Nunca aposte sua cabeça com o diabo: um conto moral (1850)
  • O retrato Oval (1850)

Romances e histórias longas
  • A narrativa de Arthur Gordon Pym (1850)
Obra científica
  • Eureka (1848)

Os seus contos, recusados durante muito tempo pelos editores por serem demasiado "germânicos" para um público comum, conheceram depois da sua morte um êxito notável; Visto com a perspectiva que o tempo concede à obra literária, sabemos hoje que a crianção de Poe tem por base o temor ao dogmatismo da ciência e à influência nefasta do materialismo.

“O pensamento se torna mais claro pelo esforço exigido em sua representação escrita".


Esse post foi escrito pela compilação de diferentes fontes que se referem ao autor. Para mais informações, leia:

* Histórias Extraordinárias - Textos Completos - Biblioteca de ouro da Literatura Universal. (Biografia)
* Assassinato na Rua Morgue e outras histórias - Editora Saraiva, 2006 (Literatura e lista de obras)
* "Histórias extraordinárias ≠ Histoires extraordinaires" - Blog Edgar Allan Poe, 2011. (Coletânea de Obras)

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