quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Resenha: O Ano da Leitura Mágica - Nina Sankovitch



Título original: Tolstoy and the purple chair. My year of magical reading

Editora: Leya
Edição: 1 

Ano: 2011 
Páginas: 232

Tradução: Paulo Polzonoff

Minha Nota:
BOM / FAVORITO







Sinopse: Após perder a irmã mais velha para o câncer, e embora precisasse cuidar dos quatro filhos e lidar com os percalços que fazem parte do cotidiano de uma grande família, Nina cria uma jornada para si mesma: ler um livro por dia durante um ano inteiro. Nesse verdadeiro sonho literário, nossa heroína descobrirá que o ano de leitura mágica mudará tudo ao seu redor e que os livros são uma ótima terapia. Também conta a história da família Sankovitch: o pai de Nina, que escapou da morte por um triz na Bielo-Rússia durante a Segunda Guerra Mundial; os quatro ruidosos filhos, que lhe recomendavam livros ao mesmo tempo que a ajudavam a cozinhar e a limpar a casa; e Anne-Marie, sua irmã mais velha e inspiração, com quem Nina compartilhou os prazeres da leitura, mesmo em seus últimos momentos de vida.

Nina Sankovitch é a caçula de uma família de três irmãs. Após perder a irmã mais velha, Anne-Marie, vítima de um câncer, ela decide que precisa mudar algo em sua vida para se libertar do fardo do luto que carrega por tanto tempo. É assim que chega a ideia de focar toda a sua energia nos livros. Um livro por dia, durante um ano. Será que seria fácil?

"O único bálsamo para o sofrimento é a memória; a única salvação para a dor de perder alguém para a morte é reconhecer a vida que existiu antes disso." Pág. 74

Mas não bastava ler, Nina decidira que precisaria escrever sobre as histórias que presenciara e como elas afetavam sua vida e seu modo de pensar. Casada, com quatro filhos, mas sem trabalhar, exceto pela rotina da casa que requer grande esforço e dedicação, a personagem principal cria táticas e enxerga possíveis obstáculos antes mesmo que eles aconteçam.

As regras seriam simples: ela não poderia ler o mesmo autor duas vezes, nem reler nenhum livro que já havia lido e ainda escrever sobre absolutamente todos os livros que lesse. Porém, mesmo assim, a escolha dos títulos tinha que ser bem seletiva, afinal, não teria como ter Guerra e paz ou outro livro igualmente maior num curto intervalo de tempo. 

A estratégia era a seguinte: pegar livros com pelo menos três centímetros de espessura num estilo de capa dura padrão, o que se traduz numa média de 250 a 300 páginas. Cabe destacar que Nina lia cerca de 70 páginas por hora, um número considerável para um leitor convencional. O que garantia a finalização de um livro como esse em aproximadamente quatro horas. 

É com essa proposta que a narrativa se segue, ao passo que a protagonista encontra refúgio na literatura, descobrimos com ela novas histórias, autores e emoções que somente um leitor pode descobrir. Descobrir o quão terapêutico pode ser o poder da leitura.

"Somos aquilo que gostamos de ler e quando admitimos que adoramos um livro, admitimos que este livro representa verdadeiramente algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, ou por aventura, ou secretamente fascinados por crimes." Pág. 99

COMENTÁRIOS

Um livro que tinha tudo para dar certo, mas deixou um pouco a desejar. Quando nos deparamos com a premissa (pelo menos comigo foi assim), o que nos interessa é a experiência da autora durante o ano de leitura. Imaginamos como serão suas dificuldades e preocupações entre casa, filhos, leitura e escrita. Contudo, ela devaneia demais sobre histórias do passado e de sua família. 

O sentimento de perda de Nina é muito forte para com a irmã, isso recai numa depressão e tristeza evidentes. Eu poderia esclarecer melhor meu ponto de vista dizendo que as narrações parecem hiperlinks seguidos de hiperlinks. Ela começa a falar da irmã, depois do pais, depois de como foi criada, até chegar ao primeiro beijo, e depois ao marido. Enfim, acho que já me fiz claro, e chega a ser cansativo.

Um livro bem biográfico escrito em prosa (sem diálogos), composto por memórias, que nos garante um bom tempo de distração e reflexão sobre questões que nem sempre paramos para pensar.

"Só uns poucos dias da experiência de resenhar livros haviam me mostrado que não havia tempo predefinido para se escrever sobre um livro. Era algo que podia levar trinta minutos ou cinco horas, dependendo do quanto o livro fora importante para mim e do quão fácil ou difícil era traduzir a importância do livro nas palavras da tela do meu computador. Pelos meus cálculos, levava em média duas horas para escrever uma resenha, se planejasse com antecedência." Pág. 49- 50 Finalmente alguém que concorda comigo!

O livro ganha por tantas citações e trechos interessantes descritos ora por Nina ora por um livro que ela esteja lendo que nos transmiti fielmente o amor que ela tem pelos livros, pelas histórias que eles transmitem e ensinam a sua vida.

CURIOSIDADES

"Tolstoy and the purple chair. My year of magical reading" Cover
Capa original

Sobre a capa e escolha do título escolhido. O título original (Tolstoy and the purple chair. My year of magical reading) foi encurtado para O ano da leitura mágica. A capa também foi modificada, acredito que deveria ter se mantido igual ao original, como muitas editoras fazem aqui no Brasil - a qual representa melhor (obviamente) o que a autora quis passar e o do que realmente o livro se trata -, mas devem não ter escolhido para não confundir as pessoas sobre o enredo e abranger um público maior. Marketing Welcome!

A Editora Leya tem um sério problema com capas, eles tentam sempre suavizar a arte destas, deixando-as com uma reverência inverossímil a leitura e quem leva o livro para casa por vezes fica frustrado com o conteúdo não coincidir com a “embalagem”.






DIAGRAMAÇÃO



A edição está bem trabalhada, as folhas são de um papel pólen mais grosso, não encontrei problemas na digitação os erros ortográficos. O papel é amarelado, os capítulos são curtos e a relação espaçamento/fonte está ótima. A única coisa que poderia ser melhorada mesmo é a capa. Ao final encontramos a lista completa de livros lidos por Nina durante o ano.

“[...]quando discutimos nossas leituras o que estamos discutindo, na verdade, é nossa vida, nossa opinião sobre tudo, desde a tristeza até fidelidade, passando pela responsabilidade, de dinheiro a religião, de preocupações e embriaguez, de sexo a roupas sujas e vice-versa.” Pág. 201


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6 comentários:

  1. Francielle Couto Santos5 de fevereiro de 2014 às 10:02

    Clóvis, é uma pena que a proposta da trama tenha se desviado. Eu estava muito curiosa para ler esse livro, mas acabei esfriando após saber o quão cansativo ele pode ser... acho que, assim como você, a trama teria ficado mais interessante se conseguisse expressar as experiências de leitura e as dificuldades impostas por esse desafio. Enfim, adorei sua resenha! Ainda pretendo lê-lo, mas não será com o mesmo afinco que estive me propondo.

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br/

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  2. Eu não conhecia o livro. Não exatamente. Acho que já esbarrei nele algumas vezes, mas nada que me fizesse parar para ler a sinopse ou a opinião de alguém. Agora sim! :)
    Bem, fiquei tentado a lê-lo. Talvez por trazer uma premissa muito legal - um livro sobre livros - acho que essa protagonista aí também compartilha da minha opinião acerca de como se escrever resenhas. Haha'
    Pena que a leitura acabe caindo no enfadamento :x isso é frustante. Ainda assim, se surgir a oportunidade eu o leio.
    E ah, adoro isso de Bom/Favorito. Adoro *-* Haha'

    Abs,
    Ronaldo Gomes
    livrosobrelivro.blogspot.com

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  3. Oi Francielle. Mesmo com toda essa questão prolixa da autora, eu acho que o livro te agradará. Tem seu lado positivo e acaba marcando a gente (Eu até favoritei), mesmo a história sendo apanas legal. Espero que você se divirta bem mais do que eu. Abraços!

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  4. Acho válido tanto para quem gosta de ler, quanto para quem gosta de escrever. É uma leitura rápida, porém que nos deixa uma lembrança boa e trechos muito bacanas. Leia sim, Ronaldo! Ainda bem que você conseguiu captar minha teoria de que a classificação entre o livro e favorito são duas coisas diferentes :) muita gente não entende. Abraços!

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  5. Sempre via em promoção no Submarino ha um tempo e algo me impedia de comprá-lo, fiquei receioso pois corro de livro enrolado, o plot é ótimo massss... talvez se achar o ebook (grátis) me arrisque.


    Quanto a capa, acho parecida com: http://bimg1.mlstatic.com/a-menina-que-no-sabia-ler-john-harding-livro-novo-lacrado_MLB-F-190021162_8095.jpg inclusive já confundi algumas vezes HAHAHA.


    Abs

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  6. Oi Amanto, as capas são bem parecidas mesmo não é a toa que sejam da mesma editora (foi pensando nesse livro que fiz minha observação no post). Já li A menina que não sabia ler também e não tem nada a ver com o tom angelical que a imagem quis mostrar (na verdade é Thriller genial!). Quanto a leitura resenhada: é válida só não vá com muitas expectativas. Abraço.

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