sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde (Livro e Filme)

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Abril Edições Volume 4
Título original: The Picture of Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde 

Editora: Abril Coleções 
Edição: 1

Ano: 2010 (©1891)
Páginas: 304

Tradução: José Eduardo Ribeiro Moretzsohn
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Minha Nota:
MUITO BOM













Dorian Gray é um belo e ingênuo rapaz retratado pelo artista Basil Hallward em uma pintura. Mais do que um mero modelo, Dorian Gray torna-se inspiração a Basil em diversas outras obras, inclusive como uma paixão platônica. Devido ao fato de todo seu íntimo estar exposto em sua obra prima, o pintor decide presentear Dorian com o quadro, não revelando sua pintura.

Com a convivência junto a Lorde Henry Wotton, um cínico e hedonista aristocrata amigo de Hallward, Dorian Gray é seduzido ao mundo da beleza e dos prazeres imediatos e irresponsáveis, espírito que foi intensificado após, finalmente, conferir seu retrato pronto e apaixonar-se por si mesmo.

"Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!".

A partir de então, o aprendiz supera seu mestre e cada vez mais se entrega à superficialidade e ao egoísmo. O belo rapaz, ao contrário da natureza humana, misteriosamente preserva seus sinais físicos de juventude enquanto os demais envelhecem e sofrem com as marcas da idade. Afinal, para onde vai a velhice velada de Dorian Gray?

COMENTÁRIOS

Quanto uma história lhe encanta, mas o personagem lhe repele. Dorian Gray é extremamente chato, mimado e dramático. Exagera na percepção das emoções e a partir do momento que descobre o segredo de seu retrato passa a ser paranóico e adquire um comportamento obscuro e misterioso. Não houve um momento em que eu tenha sentido simpatia por ele, senão no desfecho da história que achei espetacular. 

O melhor personagem sem dúvidas é Lorde Henry, que mesmo cético, sínico e tendo algumas ideias distorcidas a respeito da vida, suas divagações são as mais interessantes de acompanhar.

Todos aqueles que se aproximam dele têm suas vidas maculadas. Por um lado têm-se os conhecidos que lhe exaltam por sua beleza e qualidades, por outro, os que viram sua verdadeira face, que o desprezam e o temem.

Um fato interessante é a grande extensão cronológica que a história abarca. Vai desde os 17 anos do protagonista, passa pelos 25 e chega mais além, com 36 anos. O que dá um saldo de praticamente 18 anos. Particularmente me agrado com linhas de tempo mais vastas.

CURIOSIDADE

Publicado inicialmente como a história principal da Lippincott's Monthly Magazine em 20 de junho de 1890, foi revisto por Oscar Wilde que alterou e ampliou essa edição, antes com apenas 13 capítulos e posteriormente com 20, que foi publicada por Ward, Lock e Company em abril de 1891.

FILME

Dorian Gray é um filme britânico de 2009, dirigido por Oliver Parker, escrito por Toby Finlay e estrelado por Ben Barnes, Colin Firth e Ben Chaplin nos papeis de Dorian, Henry e Basil respectivamente.

A fotografia do filme é muito bonita. A ambientação da Inglaterra traz um ar digital e gótico (dark). Assim, a película tem um tom de mistério e suspense. Algumas mudanças são percebidas logo a princípio – deve-se atentar mudanças em pontos fundamentais para o clímax da história.

Enquanto no livro Dorian se deixa ser corrompido pela filosofia de vida entre as conversas com Lorde Henry. No filme os prazeres são focados na bebida, no fumo e sexo. Dorian Gray é mais tolerável e até agradável na adaptação. Um bom moço que cria resistência em ser coagido pelos ensinamentos de Henry.

A homossexualidade não é nem de longe explorada, tampouco a relação interpessoal entre Basil e Dorian. Ao contrário disso, o filme passa a imagem de um Dorian devasso, sedento pelos prazeres da vida – o que não deixa de ser verdade, só que a visão aqui está um pouco deturpada. Henry é retratado como um vilão e pouco de pode notar da genialidade que resguarda o personagem.

Como o forte do livro está nos diálogos de cunho filosófico e existencial, é impossível não notar que houve troca nas falas de alguns personagens. Personagens esses que por vezes nem existem realmente.

Em suma, Dorian Gray conta com bons efeitos e cenografia mas não consegue transmitir a essência da originalidade de Oscar Wilde. Fiquei bem decepcionado com o filme e achei fictício e fantasioso demais para um história que, ao se ler, dá uma sensação de verossimilhança incrível.



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