
Título original: The Picture of Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Editora: Abril Coleções
Edição: 1
Ano: 2010 (©1891)
Páginas: 304
Tradução: José Eduardo Ribeiro Moretzsohn
Minha Nota:
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MUITO BOM |
Dorian Gray é um belo e ingênuo rapaz retratado pelo artista Basil Hallward em uma pintura. Mais do que um mero modelo, Dorian Gray torna-se inspiração a Basil em diversas outras obras, inclusive como uma paixão platônica. Devido ao fato de todo seu íntimo estar exposto em sua obra prima, o pintor decide presentear Dorian com o quadro, não revelando sua pintura.
Com a convivência junto a Lorde Henry Wotton, um cínico e hedonista aristocrata amigo de Hallward, Dorian Gray é seduzido ao mundo da beleza e dos prazeres imediatos e irresponsáveis, espírito que foi intensificado após, finalmente, conferir seu retrato pronto e apaixonar-se por si mesmo.
"Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!".
A partir de então, o aprendiz supera seu mestre e cada vez mais se entrega à superficialidade e ao egoísmo. O belo rapaz, ao contrário da natureza humana, misteriosamente preserva seus sinais físicos de juventude enquanto os demais envelhecem e sofrem com as marcas da idade. Afinal, para onde vai a velhice velada de Dorian Gray?
COMENTÁRIOS
Quanto uma história lhe encanta, mas o personagem lhe repele. Dorian Gray é extremamente chato, mimado e dramático. Exagera na percepção das emoções e a partir do momento que descobre o segredo de seu retrato passa a ser paranóico e adquire um comportamento obscuro e misterioso. Não houve um momento em que eu tenha sentido simpatia por ele, senão no desfecho da história que achei espetacular.
O melhor personagem sem dúvidas é Lorde Henry, que mesmo cético, sínico e tendo algumas ideias distorcidas a respeito da vida, suas divagações são as mais interessantes de acompanhar.
Todos aqueles que se aproximam dele têm suas vidas maculadas. Por um lado têm-se os conhecidos que lhe exaltam por sua beleza e qualidades, por outro, os que viram sua verdadeira face, que o desprezam e o temem.
Um fato interessante é a grande extensão cronológica que a história abarca. Vai desde os 17 anos do protagonista, passa pelos 25 e chega mais além, com 36 anos. O que dá um saldo de praticamente 18 anos. Particularmente me agrado com linhas de tempo mais vastas.
CURIOSIDADE
Publicado inicialmente como a história principal da Lippincott's Monthly Magazine em 20 de junho de 1890, foi revisto por Oscar Wilde que alterou e ampliou essa edição, antes com apenas 13 capítulos e posteriormente com 20, que foi publicada por Ward, Lock e Company em abril de 1891.
FILME
Dorian Gray é um filme britânico de 2009, dirigido por Oliver Parker, escrito por Toby Finlay e estrelado por Ben Barnes, Colin Firth e Ben Chaplin nos papeis de Dorian, Henry e Basil respectivamente.

Enquanto no livro Dorian se deixa ser corrompido pela filosofia de vida entre as conversas com Lorde Henry. No filme os prazeres são focados na bebida, no fumo e sexo. Dorian Gray é mais tolerável e até agradável na adaptação. Um bom moço que cria resistência em ser coagido pelos ensinamentos de Henry.
A homossexualidade não é nem de longe explorada, tampouco a relação interpessoal entre Basil e Dorian. Ao contrário disso, o filme passa a imagem de um Dorian devasso, sedento pelos prazeres da vida – o que não deixa de ser verdade, só que a visão aqui está um pouco deturpada. Henry é retratado como um vilão e pouco de pode notar da genialidade que resguarda o personagem.

Em suma, Dorian Gray conta com bons efeitos e cenografia mas não consegue transmitir a essência da originalidade de Oscar Wilde. Fiquei bem decepcionado com o filme e achei fictício e fantasioso demais para um história que, ao se ler, dá uma sensação de verossimilhança incrível.
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