Faz algum tempo que não escrevo um artigo para o blog - um texto que discuta sobre algum tema que não seja necessariamente livros -, e assistindo a um vídeo do canal Tiny Little Things, senti a necessidade de conversar sobre o assunto (que dessa vez sim, traz livros). O tema em questão são as opiniões negativas sobre livros.
A seguir seguem as perguntas propostas, porém, farei diferente e responderei todas elas ao longo do texto:
1) Opiniões negativas de outros sobre um determinado livro já te fizeram desistir de comprá-lo e/ou lê-lo?
2) Mesmo quando você discorda da opinião negativa de alguém, você costuma levar essas opiniões em consideração e repensar determinados aspectos de um livro do qual gosta? Ou, simplesmente descarta a opinião negativa de terceiros?
3) Se você tem um blog ou um canal no Youtube, qual é a sua política pessoal sobre livros que leu e dos quais não gostou? Você deixa de falar sobre esses livros? Ou, fala, mas mede as palavras ao criticá-los negativamente?
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Antes de mais nada devo dizer que não sigo a crista-da-onda. E o que isso quer dizer? Bom, existem leitores que ficam ensandecidos com lançamentos de novos livros e, bem como em outras obras envolvendo arte, acabam vivendo reféns disso não experimentando coisas que foram boas no passado. O que acontece quando você espera ansiosamente pela continuação de um livro ou por um lançamento de seu autor preferido é o seguinte: você cria expectativa. Assim, são muito frequentes as relações de amor e ódio entre leitores e aquele livro que acabou de chegar às livrarias, por isso, deixo a "poeira baixar" para aí sim ir em busca desse título.
(Obviamente, existem exceções, só estou citando aqui um caso genérico que tenho observado.)
Cito como referência, A Culpa é das estrelas de John Green, um livro que todo mundo gostou e eu não vi nada de tão exorbitante. Considerado quase como o novo testamento para os jovens contemporâneos. (Sendo apedrejado em 3,2,1..)
Voltando a discussão, me considero ainda meio do contra. Sempre que alguém ou um grupo de pessoas falam mal de determinada obra, não me sinto oprimido, mas sim com vontade de lê-la, de descobrir coisas novas e impressões que apenas pouco puderam absorver.
Normalmente, o que me impede de comprar ou não um livro é sim a opinião daqueles que tenho em alta conta, de amigos ou conhecidos que tenham um gosto literário parecido com o meu. No caso da Tatiana que fez o vídeo, de todos os vlogs que tive oportunidade de conhecer, ela é aquela com o perfil mais vasto, então fica um exemplo de apreciação que considero. Porém, (por que sempre existe uma conjunção!?) houve casos de eu gostar de coisas que ela ou outro conhecido acharam péssimo, e eu julgando como sensacional. O que me leva a outro postulado: nenhum gosto é universal! Independente da afinidade que exista entre os leitores do seu blog, seus amigos mais próximos e determinado crítico, sempre haverá alguma divergência.
Cito como referência, o livro Quando Nietzsche Chorou de Irvin Yalom, que muito não conseguiram chegar até o fim e eu simplesmente achei o livro incrível.
Eu nunca descarto a opinião de ninguém - seja boa ou ruim, indo de acordo ou não com aquilo que penso -, filtro aquilo que acho útil como complemento aos meus pensamentos e descarto o que não me serve. Acontece de muitas vezes, após encontrar uma obra muito instigante como foi 1984 de Orwell, de eu querer saber o que as outras pessoas acharam, vem daquela vontade de querer conversar sobre um livro com alguém e não ter como, e no fim das contas é tão legal encontrar alguém que partilha da mesma opinião da sua, verdade?
Como a Tatiana descreve no vídeo, quando não gostamos do livro que alguém recomendou ou leu recentemente, somos vistos como alguém que xingou um membro da sua família! Bem como, quando adoramos junto com você sua obra favorita, subimos 10 degraus na escadaria para os céus.
Nina Sankovitch cita em O Ano da leitura mágica, que somos aquilo que gostamos de ler e, ao admitirmos que gostamos de algo, isso representa algum aspecto do nosso ser, seja o fato de sermos loucos por romance, por aventura, ou secretamente fascinados por crimes. Então, não é de se estranhar que um caráter familiar seja sim atribuído aos livros.
“[...]quando discutimos nossas leituras o que estamos discutindo, na verdade, é nossa vida, nossa opinião sobre tudo, desde a tristeza até fidelidade, passando pela responsabilidade, de dinheiro a religião, de preocupações e embriaguez, de sexo a roupas sujas e vice-versa.” Pág. 201
Ao ler uma história eu parto do pressuposto de que houve trabalho em escrevê-la, como Nietzsche sugere, escrever é como o ato de dar a luz, só que a ideias. Para mim, todos os livros são bons até que se provem o contrário. Bom significa aquele que não faz tanta diferença na minha vida, serviu apenas para passar meu tempo; a partir daí a escala vai aumentando... até chegar nos muito bons ou excelentes. E você pode me perguntar se não existem casos que o livro é péssimo, regular, abaixo da média? Sim, existem. E confesso a vocês que só dois dos livros que li até hoje deixaram essas sensação em mim. Um deles GANHEI, Floresta dos corvos, e o outro que comprei por insitência do marketing, labutei até a página 100 mas não consegui sair disso, A Janela de Overton.
Sempre escrevo minha opinião integra, tanto quando gosto como quando desgosto dos livros. Claro, não sejamos hipócritas, quando acontece de ser alguma parceria - de um autor ou editora lhe encaminhar um livro exclusivo para resenha - medimos um pouco as palavras para que ninguém seja ofendido. Isso envolve mais educação do que sonegação de informações.
Pensando no porque de eu ter abandonado tão poucos livros e até mesmo desgostado de raridades, atribuo a dois fatores: 1) Sou perseverante (Brasileiro) e insisto até o fim para concluir a história 2) Busco apenas aquilo que gosto e não procuro fazer volume na minha estante com livros que não sei do que se trata ou não tenho intenção alguma de ler (gente, por favor, se libertem do vício de TER apenas para ocupar lugar na sua prateleira!)
Concluindo, acho opiniões sobre quaisquer temáticas super válidas, contanto que hajam o respeito daqueles que estejam escrevendo. De que adianta deixar sua opinião sem se identificar, principalmente quando esta for negativa? O interessante é o debate saudável entre distintas opiniões. Você me diz o que achou, eu argumento em favor ou contra e ambos chegamos a um consenso sobre o assunto em questão. Fica tudo tão diplomático não acham?
E sim, você pode estar lendo esse texto e nesse exato momento querer conversar e/ou discordar comigo sobre tudo que acabei de dizer. Essa foi apenas minha singela e única opinião das centenas de milhares que existem no universo. Fique a vontade para responder as questões propostas em seu blog ou mesmo nos comentários, ou ainda, apenas me dizer o que achou.
Outro post sobre o assunto: "O dilema das opiniões negativas" por Francielle Couto.
Olá Clóvis!
ResponderExcluirEu cheguei a assistir a esse vídeo da Tati e até pensei em escrever um artigo também. Indo direto ao ponto, concordo tanto com ela quanto com você. Acredito que as pessoas ainda tem bastante dificuldade de aceitar a opinião alheia seja ela positiva ou negativa, basta ser diferente e já temos uma possível polêmica.
O fato é que cada blogueiro é apenas mais um leitor e não alguém com uma verdade universal a respeito de qualquer obra. É fácil perceber opiniões deterministas em vários blogs, seja para o bem ou para o mal. Acredito que o que sustenta uma opinião (positiva ou negativa) são os argumentos pelos quais se gosta de um livro ou não. E ninguém precisa ser crítico literário para argumentar (coisa que muita gente usa como ofensa quando não gosta de determinado comentário).
Confesso também que algumas vezes me sinto incomodada com algumas resenhas “patrocinadas”, acho que como a Tati salientou é preciso ter um pouco de liberdade para falar aspectos negativos, caso o livro os tenha. E tal liberdade é uma espécie de compromisso com aqueles leitores que se identificam com determinado blogueiro, e que possuem gosto literário semelhante.
p.s: Essa citação da Nina é perfeita e bem oportuna.
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Eu me senti em uma verdadeira aula de história lendo essa resenha O.o
ResponderExcluirRealmente não sei se faz muito meu gênero de leitura, afinal de contas, sou do tipo que leio romances hots e melosos, mas talvez esteja na hora de eu mudar um pouco e abrir minha mente para novas histórias.
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