sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Resenha: Pelos Velhos Vales que Vago - Fabio Pires


Autor: Fabio Pires 

Editora: Chiado 
Edição: 1

Ano: 2014
Páginas: 104

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Sinopse: Parafraseando Veríssimo, sou uma espécie de gigolô das palavras. As utilizo, sugo todas suas possibilidades, me aposso de todos seus sentidos e sentimentos, mas não tenho toda a intimidade gramatical que todos têm ou fingem ter. 

Sim, porque o poeta/escritor não finge somente a dor. Finge muito mais que isso.


Poesia não é um gênero que eu costume ler, embora me encante. E é sempre com alegria que encaro uma nova leitura desse estilo. Acho que minha maior dificuldade é saber por onde começar. Vejo tudo tão belo e, mesmo o arbitrário, tão orquestrado, que canonizo a coisa a ponto de dizer que nunca faria algo igual.

Ainda bem que tive a oportunidade de ler Pelos Velhos Vales que Vago. Como escrever uma resenha de um livro de poemas? É uma tarefa difícil, vamos apenas deixar esse nome por falta de termo melhor. 

De todos os textos, uns se destacaram mais do que outros, porém eu não consegui eleger um único como favorito, para mim a coletânea é ótima em sua totalidade. Uma leitura leve, reflexiva, por vezes risonha e outras vezes de uma realidade nua e crua.

Esse é um daqueles livros que ao terminar de ler, você segue direto para a escrivaninha e começa a escrever, ou ao menos é essa a vontade que dar. Você pode optar em segui-la ou não. Como eu, no momento que escrevo esse texto.

Reflete diferentes momentos na vida de uma pessoa: o alegre, o esperançoso, o cético, o triste, o escritor, o observador, o invisível, o enfermo, o mórbido, o defunto... Suponho que deve ter sido exatamente isso que o autor quis demonstrar; uma empatia que até o mais insensível haverá de ter. 

Uma leitura mais do que recomendada tanto para o dia a dia, como para deixar na cabeceia.

ÓTIMO / FAVORITO

TRECHOS SELECIONADOS

O Livro, p. 9

Sou um livro sem capa e índice,
às vezes uma resistente enciclopédia,
sou um livro barato rasgado ao meio
E com pedaços jogados ao vento.

Sou um livro esquecido no canto esquerdo da prateleira.
Daqueles finos que preferem ficar inertes por não ter nada a oferecer.

sou um livro com dúzias de palavras rabiscadas
Mas com a palavra "inverossímil" grifada.

[...] Muitas vezes sou um pequeno livro de bolso,
Com pouco escrito, mas com muito a dizer.
Em outras sou um Bíblia empoeirada,
Esquecida, incapaz e seguindo o Velho Testamento.

Ser Feliz? p. 33

Quem poderia definir o que é ser feliz?
Quem teria este poder?
Quem sabe o que é ser feliz?
Alguém o consegue por todo o sempre?
Será que uma paçoca me deixaria feliz?
Será a felicidade uma utopia que perseguimos e a conseguimos por efêmeros momentos?
Talvez um alvo que tentamos acertar com bolinhas de sabão?
Ou mesmo u objetivo de vida que nunca sabemos quando alcançamos?
Ou algo que boie no vaso antes da descarga?


SOBRE O AUTOR

Fabio Pires nasceu em 1976 no Rio de Janeiro. Formado em Letras, desde muito jovem teve gosto forte pela leitura porém, nunca se imaginou escrevendo ou mesmo conseguindo se expor publicando seus rabiscos.

Como uma maneira de expurgo de suas angústias e medos lançou um blog em 2009 em que pôde colocar seus textos em ordem e trabalhar neles até que ficassem ao seu gosto.

Boa parte deste primeiro trabalho nasceu justamente a este período onde aprendeu a transitar pela poesia direta, crítica e que necessariamente induza à reflexões.

***

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