Autor: Fiódor Dostoiévski
Editora: 34
Edição: 2
Ano: 2009
Páginas: 128
Publicação Original: 1876 | 1877
Tradução: Vadim Nikitim
Sinopse: Em A dócil, um homem desesperado refaz, diante do cadáver da mulher, a história de seu relacionamento, tentando compreender passo a passo as razões que a levaram ao suicídio. Já em O sonho de um homem ridículo, o narrador, a ponto de acabar com a própria vida, adormece na poltrona diante do revólver carregado. Principia então um dos sonhos mais extraordinários da história da literatura, durante o qual Dostoiévski anuncia a possibilidade de uma vida utópica em outro planeta antes de seus habitantes serem contaminados pelo veneno da autoconsciência.
O texto trata principalmente de dois personagens: um homem maduro, por volta dos seus 40 anos, bem situado economicamente, dono de uma casa de penhores, e uma jovem, aos seus 16 anos, saindo da adolescência. O primeiro, narrador da história, está diante do caixão de sua mulher e tenta unir os fios do enredo ao contar a história dos dois.
Ele é um ex-oficial que recebeu da sociedade a fama de covarde, passou por toda sorte de humilhação e, graças a uma herança, monta um negócio e se torna proprietário. A partir daí, põe em prática as leis da sociedade e dá à condução dos negócios um tom racionalista e frio, baseado no cálculo e na vantagem; torna-se consciente do seu próprio poder e sente um prazer quase erótico em dominar os seus semelhantes.
É interessante notar a relação interpessoal entre os indivíduos nessa novela e o quanto o sentimento não dito, ou melhor, um acordo silencioso entre um casal, pode gerar conflitos, desentendimentos e frustrações. O homem esperava que sua mulher enxergasse além do que ele demonstrava, ansiava uma sensibilidade que ela não possuía; ela, por sua vez, ao se dar conta da real situação que ele tentara lhe atribuir, não aguenta a pressão e prefere tirar a própria vida do que viver o arrependimento do que esteve próximo de fazer. Tudo é devidamente explicado ao longo da narrativa que traz questões muito subliminares.
A DÓCIL (1876)
O texto trata principalmente de dois personagens: um homem maduro, por volta dos seus 40 anos, bem situado economicamente, dono de uma casa de penhores, e uma jovem, aos seus 16 anos, saindo da adolescência. O primeiro, narrador da história, está diante do caixão de sua mulher e tenta unir os fios do enredo ao contar a história dos dois.
Ele é um ex-oficial que recebeu da sociedade a fama de covarde, passou por toda sorte de humilhação e, graças a uma herança, monta um negócio e se torna proprietário. A partir daí, põe em prática as leis da sociedade e dá à condução dos negócios um tom racionalista e frio, baseado no cálculo e na vantagem; torna-se consciente do seu próprio poder e sente um prazer quase erótico em dominar os seus semelhantes.
Isso o leva a criar uma carapaça, causa do silêncio e da distância entre ele e a mulher amada e, por consequência, da tragédia que os acomete.
É interessante notar a relação interpessoal entre os indivíduos nessa novela e o quanto o sentimento não dito, ou melhor, um acordo silencioso entre um casal, pode gerar conflitos, desentendimentos e frustrações. O homem esperava que sua mulher enxergasse além do que ele demonstrava, ansiava uma sensibilidade que ela não possuía; ela, por sua vez, ao se dar conta da real situação que ele tentara lhe atribuir, não aguenta a pressão e prefere tirar a própria vida do que viver o arrependimento do que esteve próximo de fazer. Tudo é devidamente explicado ao longo da narrativa que traz questões muito subliminares.
O SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO (1877)
O narrador sente-se ridículo, melancólico quanto a própria vida e a todos aqueles que o cercam. Certo dia, após comprar uma arma e deixá-la guardada para quando surgisse o instinto assassino, decide acabar com a própria vida. Acontece que sempre costumava ficar acordado, sentado em sua poltrona acometido pela insônia, nesse dia, porém, adormece diante do revólver carregado.
Inicia então um dos sonhos mais espetaculares que poderiam existir. A possibilidade de uma vida utópica em outro planeta, habitado com seres feito nós, porém antes de serem contaminados pelo veneno da maldade e ganância, chamado autoconsciência.
“Eles aprenderam a mentir e tomaram amor pela mentira e conheceram a beleza da mentira. Ah, isso talvez tenha começado inocentemente, por brincadeira, por coquetismo, por um jogo de amor, na verdade, talvez, por um átomo, mas esse átomo de mentira penetrou no seu coração e lhes agradou. Depois rapidamente nasceu a volúpia, a volúpia gerou o ciúme, o ciúme – a crueldade....” pág. 117
POR QUE NARRATIVA FANTÁSTICA?
Essas histórias foram assim intituladas, ainda que o próprio autor considere realista ao extremo, devido a forma da própria narrativa. Em A Dócil, por exemplo, passam-se várias horas, com saltos e equívocos, tendo uma forma atabalhoada: ora ele fala para si mesmo, ora se dirige como que a um ouvinte invisível, a algum juiz.
EDIÇÃO E TRADUÇÃO
A editora 34 tem um cuidado especial em todos seus livros publicados. Tanto em parte gráfica quanto no quesito tradução, optando pela captura do texto diretamente do original, nesse caso em russo.
O livro é recheado de notas do tradutor Vadim Nikitim e também da edição original, o que para mim colabora na contextualização do leitor àquela época. Existe também um prefácio de Dostoiévski e informações sobre vida e obra tanto do autor como de Vadim Nikitim.
Uma boa opção de leitura rápida, reflexiva e prazerosa para quem nunca leu o famoso escritor russo, não sabe por onde começar e tem vontade de conhecê-lo.
O livro é recheado de notas do tradutor Vadim Nikitim e também da edição original, o que para mim colabora na contextualização do leitor àquela época. Existe também um prefácio de Dostoiévski e informações sobre vida e obra tanto do autor como de Vadim Nikitim.
Uma boa opção de leitura rápida, reflexiva e prazerosa para quem nunca leu o famoso escritor russo, não sabe por onde começar e tem vontade de conhecê-lo.
ÓTIMO |
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