Autor: Bernhard Schlink
Editora: Record
Edição: 2
Ano: 2008
Páginas: 240
Tradução: Pedro Sussekind
Sinopse: Michael tem somente 15 anos quando conhece Hanna, uma mulher 21 anos mais velha. É o início de uma delicada relação amorosa, marcada por pequenos gestos e rituais. A leitura de clássicos de Tolstói, Dickens e Goethe precede os encontros. Ao longo de meses, o casal repete essas cerimônias, interrompidas pelo súbito desaparecimento de Hanna. Sete anos depois, Michael, estudante de direito, é convidado a tomar parte em um julgamento contra criminosos do regime nazista. Ele descobre que uma das acusadas é sua antiga amante, o que o lança a um vórtice de culpa e piedade.
ENREDO
Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 36. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta e finalmente fazem amor. Este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece de repente da vida de Michael.
“O prazer com que tinha chegado ia-se embora com a leitura. Ler uma peça assim, de modo que os diferentes personagens se tornem reconhecíveis, únicos e vivos, exige certa concentração. Embaixo do chuveiro, o prazer voltava a crescer. Ler em voz alta, tomar uma chuveirada, amar e ficar um pouco mais juntos – este tornou-se o ritual dos nossos encontros.” Pág. 50
Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazistas. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.
Traduzido em 39 línguas, o romance foi contemplado em 1997 com os prêmios Grinzane Cavour, Hans Fallada e Laure Bataillon. Em 1999 venceu o Prêmio de Literatura do Die Welt.
COMENTÁRIOS
Bernhard Schlink possui uma linguagem lírica. Fala do cotidiano expressando o amor que Michael sente por Hanna em forma de metáforas, analogias e aforismos.
Os capítulos são curtos, a história é fluida, porém, ao mesmo tempo nos faz parar em muitos momentos para refletir. O livro ainda é dividido em três partes, e conta com uma leitura objetiva e verdadeira.
Mostra o dilema de um homem que briga consigo mesmo entre a ideia que tem da mulher que ama (aquilo que viveu), com aquilo que a mesma mulher está sendo acusada e, consequentemente, possa ter feito.
É engraçado notar como quando, mesmo que você siga com sua vida, lembranças do passado – quer você goste delas ou não – ainda podem ter efeito em você.
Com certeza eu ficaria chateado com a rebeldia e mau comportamento de Hanna para com Michael se já não soubesse qual o grande mistério do livro. Em contrapartida, já saber desse segredo – pois assisti primeiro ao filme, anos atrás – fez-me ver a história por outra perspectiva, mais minuciosa, focada, sem devaneios, apreciando-a melhor.
Em suma, "O Leitor" trata de uma história de amor entre um jovem e uma mulher madura que, entretanto, conhece pouco do mundo das letras. O rapaz a ensina a pensar, imaginar e ver as coisas sob um novo olhar. É ainda uma reflexão sobre a vida, o comportamento de uma nação e o limite da culpa que nos autoatribuimos pelos erros de nossos antepassados.
FILME
The Reader é um filme teuto-americano de 2008, do gênero drama, dirigido por Stephen Daldry, conhecido pelos filmes Billy Elliot e As Horas. Foi uma elogiada adaptação para o cinema, tendo 4 indicações ao Globo de Ouro, inclusive melhor diretor, filme e roteiro.
O destaque da película ficou a cargo de Kate Winslet vencedora do prêmio de melhor atriz em várias premiações, sobretudo o Oscar, uma vez que garantiu sua primeira estatueta. O filme trouxe ainda o alemão David Kross, em sua primeira atuação nas telonas. A fase madura do personagem Michael Bergs foi interpretada pelo conhecido Ralph Fiennes.
Como toda adaptação essa também conteve algumas diferenças quando comparada a obra original, porém foram mudanças bem sutis. A essência do livro soube ser muito bem demonstrada quiçá intensificada por tão boas atuações, ambientação e roteiro fidedigno. Assisti pela primeira vez em 2011 e desde lá se tornou um filme favorito. É carregado de drama, tensão, mas também de romance. Quando soube da existência do livro, 2 anos depois, procurei lê-lo o quanto antes e aqui estamos em 2014 quando pude finalmente tocá-lo.
Recomendo como um filme tão bom quanto o livro (são raras exceções) e, para quem está em dúvida se deve ou não ler, pode começar pela adaptação para ter certeza se gostará. Quem gostar de um absolutamente amará o outro e vice versa.
QUOTE / CITAÇÃO
“Que história triste, pensei durante muito tempo. Não que eu pense agora que ela é feliz. Mas penso que é verdadeira e, diante disso, perguntar se é triste ou feliz é algo que não faz sentido.” Pág. 238
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