Autor: Andrew Smith
Editora: Gutenberg
Edição: 1
Ano: 2014
Páginas: 304
Tradução: Rodrigo Seabra
Sinopse: Stark McClellan tem 14 anos. Por ser muito alto e magro, tem o apelido de Palito, mas sofre bullying mesmo porque é “deformado”, já que nasceu apenas com uma orelha. Seu irmão mais velho, Bosten, o defende em qualquer situação, porém ambos não conseguem se proteger de seus pais abusivos, que os castigam violentamente quase todos os dias. Um dia, porém, um episódio faz azedar terrivelmente a relação entre Bosten e o pai. Para fugir de sua ira, o rapaz se vê obrigado a ir embora de casa, e desaparece no mundo. Palito precisa encontrá-lo, ou nunca se sentirá completo novamente.
Sexualidade, bullying, drogas, problemas financeiros, sociais e humor são alguns pontos-chaves que estão presentes em “Minha Metade Silenciosa”. Não podemos nos esquecer do laço de amizade que liga os irmãos Bosten e Stark, vulgo Palito, e que ainda estão em volta de muitos personagens presente nessa história.
O livro é narrado em primeira pessoa sob a perspectiva desse jovem prestes a completar seus 14 anos e é escrito em forma de diário mostrando o decorrer dos acontecimentos em sua vida. Mesmo com a deficiência ele é um garoto forte e decidido que vai amadurecendo ainda mais no decorrer da narrativa; sendo essa evolução visível aos olhos do leitor.
Ao falar em pais abusivos, podemos pensar tratar-se de um exagero, porém é exatamente isso que é retratado. Tanto a mãe, como o pai, esse o pior de ambos, castigam os filhos das maneiras mais desumanas que possam existir.
O afeto do garoto mais novo vem de seu único irmão, Bosten, que o ajuda a enfrentar a hostilidade presente em um lar carente de atenção. Atrele isso ao fato de Stark se achar uma aberração e terá um prato cheio de complicações. Bosten compõe a única referência para que a vida prossiga.
O clímax da história se dar no momento que a relação entre o pai e o filho mais velho desanda (por um motivo delicado) e este se vê obrigado a fugir de casa deixando tudo para trás. Só que Palito não pode deixar que isso aconteça e decide seguir numa aventura em busca do irmão que tanto ama para que ele não encontre o pior caminho.
O ponto mais tenso está justamente nessa aventura em busca de Bosten, onde o rapaz se depara com problemas jamais imagináveis em toda vida.
DIAGRAMAÇÃO
A capa diz muito sobre a história, o que me fez lembrar um ‘jogo de 7 erros’. Há ainda alguns detalhes que fazem com que a versão física tenha um quê especial, como o fato do livro não ter a orelha direita igual a seu protagonista e o intercurso do texto contar eventualmente com alguns espaços vazios entre as palavras, de modo a representar algo que falta na vida de Stark.
As folhas amarelas em papel pólen, padrão da editora, e os capítulos curtos contribuem para o avanço das páginas.
FAZ LEMBRAR
- Extraordinário de R.J Palácio
- Os Irmãos Wolfe de Markus Zusak
- Todo Dia de David Levithan
O livro me lembrou um pouco de cada uma das obras listadas, no entanto soube se destacar ainda mais, por parecer tão subjetivo e real, sendo diferente de tudo que já li até então.
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A escrita de Andrew Smith é poética e nos faz querer seguir com a leitura para saber o que vem a seguir. Em minha visão o texto conteve tudo aquilo necessário para compor uma excelente história com os tópicos distribuídos na medida certa. Minha única observação é quanto ao final, que achei abrupto e um tanto vago. Isso pode ser explicado tanto pelo meu envolvimento com o texto como pela escrita poeta do autor que me fez desejar por mais.
ÓTIMO |
QUOTES / CITAÇÃO
“Ela não gostava que eu falasse no telefone. Dizia que era um mau hábito para garotos da minha idade. Acho que ela talvez pensasse que telefones eram portas de entrada para a masturbação.” Pág. 73
“Acho que, às vezes, coisas que parecem muito importantes tomam outro aspecto quando a gente se vira e olha de novo alguns quilômetros adiante.” Pág. 230
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