quarta-feira, 5 de março de 2014

Resenha: O Azarão - Markus Zusak


Título original: The Underdog
Autor: Markus Zusak

Editora: Bertrand Brasil
Edição: 1 

Ano: 2012 
Páginas: 176

Tradução: Ana Resende

Minha Nota:
BOM









Sobre: Garotos são como cães: estão sempre prontos para atacar, latir e pedir uma chance de mostrar seu valor. Cameron Wolfe é um garoto incorrigível. Ele mesmo sabe disso. Seu irmão, Rube, também sabe, porque é outro. Eles são capazes de mudar, mas o que seria necessário para isso acontecer?


Cameron Wolfe tem 15 anos e três irmãos mais velhos: Steve, Sarah e Rube, o mais próximo e apenas um ano mais velho que ele, com quem se junta para praticar pequenos delitos pela vizinhança – ou pelo menos, planejá-los, já que nunca deram certo – numa forma de chamar atenção de si próprios; ser alguém que fez algo marcante. Completam a família seu pai encanador e sua mãe durona e empregada doméstica. Uma família humilde que guarda muito mais do que os poucos recursos financeiros.

Fica claro que, por trás da fachada de adolescente típico de Cameron, existe um garoto infeliz com sua vida e suas atitudes, mas também um homem em formação, ainda com as amarras no adolescente inseguro, inconsequente e, às vezes, ridículo, que luta para ser alguém.

Engraçado, pensei, enquanto dava a volta na corda que delimitava o campo. Antigamente, melhores amigos, e agora não temos quase nada a dizer um ao outro. Era interessante como ele havia se juntado àqueles caras, e eu tinha ficado na minha. Não gostava nem desgostava disso. Só era engraçado que as coisas terminassem assim.” Pág. 40

E é aí que, ao ajudar o pai num serviço de encanamento, Cameron conhece e se apaixona por Rebecca Conlon, uma bela garota, digna de orações e, o melhor de tudo, alguém real, que não está na imaginação do menino. A garota dos seus sonhos. Para consegui-la, Cameron sabe que terá de mudar não apenas suas atitudes, mas também seus pensamentos derrotistas. Ele sabe que precisará ser um vencedor.

“O que mais me impressionou é que, de repente, comecei a rezar. Comecei a fazer orações por Rebecca Conlon e a família dela. Não conseguia parar. 


— Por favor, abençoe Rebecca Conlon — ficava pedindo a Deus. — Faça com que ela fique bem, certo? Faça ela e a família dela ficarem bem hoje à noite. É só o que peço. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. — E fazia o sinal da cruz como os católicos fazem, e nem sou católico. Não sei o que sou.” Pág. 64

COMENTÁRIOS

O livro é narrado em primeira pessoa, sob a perspectiva de Cameron. Embora seja o garoto que narre a história, não é descrito pensamentos que estão acontecendo no dado momento que é contado, ele sim nos conta sua própria história como se de um futuro não tão distante.

A diagramação da Editora Bertrand está muito bem feita, os capítulos são curtos e o formato do livro acelera a leitura. Ao fim de cada capítulo encontramos diferentes sonhos de Cameron que são desconexos de toda a história. Para mim algo sem propósito, mais para utilizar escritos que o autor devia ter como rascunho. O único ponto que não me agradou foi a escolha do título – The Underdog – que em tradução literal seria O Oprimido, ficando como O Azarão. Compreendo que poucos comprariam um livro com esse título, porém deixo aqui minha opinião. 

A escrita do livro lembrou-me o Markus Zusak que escreveu A menina que roubava livros, embora não tenha nada que se assemelhe a essa história. Nota-se veracidade no texto, que dá um tom autobiográfico (pois por coincidência o autor possui esse mesmo número de irmãos e parece falar da sua juventude misturada à ficção) a essa história escrita em forma de memórias, onde Cameron conversa com o leitor e vive através das palavras. Em alguns trechos chega a ser bem melancólico (introspectivo) – a minha parte preferida, diga-se de passagem; um livro sobre descobertas e autoavaliação.

“Eu sempre ia viver com esse tipo de falta de confiança em mim mesmo, de dúvida em relação à civilização à minha volta? Eu sempre ia me sentir tão pequeno que ia doer, e que mesmo o grito mais alto, rugindo da minha garganta, era, na verdade, apenas um lamento? Será que meus passos sempre iam parar de modo tão súbito e afundar no caminho?” Pág. 107 Capítulo 9 Favorito

ME FEZ LEMBRAR...

O Idioma da Carne de Rodrigo M. Freire


A SEGUIR...

A Trilogia dos Irmãos Wolfe

Vol. 2 - Bom de Briga
Vol. 3 - A Garota que eu quero


***

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