quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Resenha: A Cura de Schopenhauer - Irvin D. Yalom

Resenha A Cura de Schopenhauer - Irvin D. Yalom

Editora: Ediouro
Edição: 2

Ano: 2006
Páginas: 334

Tradução: Beatriz Horta

Minha Nota:
ÓTIMO / FAVORITO










Sobre: A Cura de Schopenhauer é o relato comovente de personagens demasiadamente humanos, que no processo da terapia em grupo desnudam sua mentes e seus corações, tornando-se mais reais do que a própria realidade.

Arthur Schopenhauer foi um filósofo alemão do século XIX conhecido por seu pessimismo quanto ao sentido da vida e influenciou fortemente pensadores como Eduard von Hartmann e Friedrich Nietzsche. Schopenhauer acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tinha a ver com a felicidade. Para ele, os relacionamentos e os desejos só levam à dor e ao tédio; a verdadeira salvação estaria em renunciar ao mundo, tornando-se assim verdadeiramente livre.

“No dia de inverno, alguns porcos-espinhos se juntaram para se aquecerem com o calor de seus corpos. Mas logo viram que estavam se espetando e se afastaram. Ficaram com frio de novo e se juntaram, ficando entre dois males até descobrirem a distância adequada. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas seus muitos defeitos desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem.” 

O personagem fictício Julius Hertzfeld é um renomado psiquiatra que acredita cegamente no potencial da terapia em grupo; ao contrário de Schopenhauer, crer que a salvação para o sofrimento humano está justamente nos relacionamentos sólidos, baseados no amor e na compreensão das diferenças e limites de cada um.

São esses princípios éticos e morais que o levam a ajudar seus pacientes em terapia, mesmo após ter sido diagnosticado com um linfoma (um tipo de câncer) incurável. Ao reavaliar sua longa carreira como psicoterapeuta, Julius questiona se o seu trabalho fez alguma diferença na vida das pessoas que atendeu, é assim que recorda de Philip Slate, paciente viciado em sexo e seu mais visível fracasso que curou a si próprio adotando as doutrinas impostas por Arthur Schopenhauer.

Julius convida Philip para participar da sua terapia de grupo, ele aceita em troca da supervisão do médico para adquirir sua licença como orientador filosófico. Julius se ver afrontado diante daquela situação... Afinal, como uma pessoa tão auto-suficiente e que sente um profundo desprezo pelas pessoas pode se tornar um terapeuta?

O que Philip não contava era a presença de uma antiga conquista dos seus 'tempos escuros' que prossegue odiando-o devido a frieza com que a descartou no passado. A partir daí, o leitor acompanha um embate emocionante entre pacientes e terapeuta, onde cada um expõe seus medos, defesas e fraquezas e aprende a ser mais humano e feliz.

“A flor respondeu: - Bobo! Acha que abro minhas pétalas para que vejam? Não faço isso para os outros, é para mim mesma, porque gosto. Minha alegria consiste em ser e desabrochar.”

SOBRE ESTA EDIÇÃO

Os capítulos variam entre o presente - perspectiva de Philip, Julius e em curta escala um outro paciente - e o passado - vida e obra de Schopenhauer, desde o nascimento até o dia de sua morte. Ao início de cada um deles lê-se trechos reais das obras do filósofo Arthur que tem relação com o que será narrado a seguir. Toda a narração é feita em 3ª pessoa por um narrador onipresente.

A Ediouro está de parabéns quanto a diagramação. Não encontrei erros de nenhuma natureza; as páginas são amarelas, o que me agrada; a fonte está num tamanho agradável para leitura e também há diferentes gêneros textuais, com uma pitada de romance epistolar.

COMENTÁRIOS

Eu li apenas um livro do autor, o que já foi suficiente para torná-lo um dos meus favoritos. A forma como ele mescla os nomes da filosofia em histórias reais e verossímeis é fantástico. 

Enquanto que em 'Quando Nietzsche chorou' ele cria uma suposta época em que Freud e Nietz são contemporâneos, aqui ele viaja entre o presente e o passado. Esclarecendo a vida e obra de Artur e de que forma ela pode atuar na vida dos seus seguidores; além de descrever com muita sutilidade os furos dessas mesmas doutrinas.

A relação entre Julis e Philip segue a mesma criada entre Nietzsche e Brouer, com o diferencial de existir mais um personagem para compor um 'triângulo intelectual'

O final foi a pior/melhor parte. Você se pergunta se Julius conseguirá sobreviver ao câncer (embora já saiba a resposta) e quer saber ainda o que acontecerá com cada um daqueles pacientes que se tornam tão carismáticos e essenciais para história. Lhes garanto que não houve clichês ou desapontamentos para mim, me surpreendi com o desfecho e a história se encerrou com chave de ouro.

SOBRE O AUTOR

um pouco sobre o autor do livro Quando Nietzsche Chorou

Irvin consegue ser didático e literário ao mesmo tempo uma vez que nos ensina um pouco das obras filosóficas de tempos antigos inseridos numa ficção.

Sobre o túmulo de Shopenhauer foi colocada uma pesada lápide de granito belga. O testamento pedia que dela constasse apenas seu nome, mas nada – nem data, nem ano ou palavra. O homem enterrado naquele modesto túmulo queria que sua obra falasse por ele.

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4 comentários:

  1. Lucas Souza/Descobrindo Livros20 de setembro de 2013 às 19:25

    Olá, Clóvis! Adorei sua resenha, você escreve sempre muito bem :3
    Quando comecei a ler meu cérebro deu um nó com tanto nome de filósofo rsrs acho que por isso eu não leria, porque não faz meu gênero. Não suportava essa matéria na escola hehe
    Abraços
    Descobrindolivros.blogspot.com.br

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  2. Gente, que lindo! Desconheço Shopenhduohauhduweqfhgsjkgeyv (não sie escrever) e Nietschuhshfuewsa (pode me matar), pelo que você relatou parece ser uma obra daquelas "sensíveis" e talvez sirva como ~~introdução a filosofia~~ no meu caso. Vou procurar, adorei a dica.


    Abs

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  3. Oi Lucas. Uma pena esse livro não te interessar. Embora traga alguns nomes da filosofia a história em si é toda contextualizada aos tempos atuais. Mas enfim, quem sabe um dia.. rsrs. Abraços e obrigado pela visita!

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  4. Oi Amanto. Esse e o outro livro que citei são belíssimos! E nada chato de ler viu. Tudo bem que precisa parar para pensar, não é uma leitura para passar o tempo. Mas vale muito a pena traz muito aprendizado de vida, estilo 'Sr. Pip' com dose de filosofia. Espero que leia e goste. :) Abraço!

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