Título original: Flickan som lekte med elden
Autor: Stieg Larsson
Editora: Compahia das Letras
Edição: 2
Ano: 2010
Páginas: 608
Tradução: Dorothée de Bruchard
Sinopse: Lisbeth Salander é acusada de triplo assassinato, e a polícia está em seu encalço. A jovem hacker pode ser muito violenta quando provocada, Mikael Blomkist, editor chefe da revista Millenium, sabe muito bem disso. Mas, ao contrário do restante da imprensa, ele acredita na inocência da moca. Para ele, os homicídios relacionam-se a uma série de reportagens que a Millenium pretendia publicar sobre o tráfico de mulheres provenientes do Leste Europeu. Um esquema de corrupção cujos tentáculos alcançavam procuradores, juízes, policiais e jornalistas.
O texto a seguir não contém spoiler (revelações sobre o enredo) do livro anterior, Os Homens Que Não Amavam As Mulheres.
ENREDO
O tutor de Lisbeth Salander, Bjurman, foi morto a tiros. Na mesma noite houve também mais dois assassinatos: um jornalista e uma criminologista são mortos enquanto estão prestes a denunciar uma rede de tráfico de mulheres. A arma usada nos crimes não só foi a mesma como nela foram encontradas as impressões digitais de Lisbeth.
Procurada por triplo homicídio, a moça desaparece. Mikael Blomkist sabe que ela apenas está escondida esperando o momento certo para provar que não é culpada e fazer justiça a seu modo. Mas ele também sabe que precisa encontrá-la o mais rápido possível, pois mesmo uma jovem tão talentosa pode deparar-se com inimigos muito mais perigosos - e que, se a polícia ou os bandidos a acharem primeiro, o resultado pode ser funesto, para ambos os lados.
Lisbeth havia livrado Mikael da morte dois anos antes. Agora ele tem uma chance de retribuir.
COMENTÁRIOS
Essa é uma história riquíssima em detalhes que deve ser lida com calma e muita atenção. O melhor da experiência da leitura é descobrir por conta própria fatos aleatórios que, quando aliados, levam a uma explicação inteligível.
“O interessante não era resolver contas. Cinco vezes cinco sempre dava vinte e cinco. O interessante era tentar compreender a composição das regras que possibilitavam resolver qualquer problema matemático.” Pág. 27 por Lisbeth Salander.
Tão bom quanto o primeiro livro, senão melhor, A menina que brincava com fogo pode assustar pelo tamanho – com aproximadamente 600 páginas supera o anterior –, porém tudo que é narrado tem importância para história. A diferença entre "Os homens que não amavam as mulheres" está no final; enquanto o primeiro tem um desfecho cíclico – deixando o leitor a vontade para escolher entre continuar a série ou não – o segundo finaliza com um cliffhanger (parada estratégica no clímax da história) que torna impossível o leitor não querer saber o que acontece em seguida.
O texto quando lido com atenção nos permite observar que todos os detalhes são atribuídos propositalmente e tem uma função mais adiante no enredo. Stieg Larsson insere um elemento interessante à narrativa: o olhar em 360°. Como isso acontece? Numa mesma passagem você pode está lendo sob a visão de Mikael e em seguida a mudança do narrador faz você enxergar por fora daquilo que o personagem inicial abordou, ou seja, ele próprio só que por outros olhos.
Além das perspectivas de Lisbeth e Mikael, também surge o trajeto dos vilões da história e o caminhar das investigações tanto da policia como da Milton Security – antigo emprego da hacker. Com isso, a trama se enche de novos personagens cativantes e que deixam a leitura fluída, e impossível de largar.
Numa história de tirar o fôlego, Lisbeth Salander entra para os cânones da literatura como a melhor protagonista-heroína feminina.
QUOTE / CITAÇÃO
“É certo que Mikael tivera inúmeros relacionamentos episódicos e até se embrenhara em vários casos ao mesmo tempo. Ele hesitava sobre que explicação dar a isso. Sabia que fisicamente não era de se jogar fora, mas nunca se achara superatraente. Em compensação, acabara percebendo que tinha, aparentemente, algo que interessava às mulheres. Erika Berger lhe explicara que ele transmitia ao mesmo tempo firmeza e segurança, e que tinha o dom de fazer as mulheres se sentirem, com ele, descontraídas e livres de obrigações. Ir para a cama com Mikael não era nem ameaçador, nem desgastante, nem complicado - era algo sem exigências e eroticamente agradável. Portanto, segundo Mikael, era como deveria ser.” Pág.45 por Mikael Blomkist
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| EXCELENTE / FAVORITO |
FILME
Flickan som lekte med elden é um filme sueco de 2009 dirigido por Daniel Alfredson, e roteirizado por Jonas Frykberg. Michael Nyqvist e Noomi Rapace encabeçam o elenco como os protagonistas Lisbeth e Mikael, respectivamente.
Esse filme me agradou mais do que o anterior – já que a versão americana soube ser muito mais fiel ao enredo original – mas ainda assim não conseguiu transmitir tudo que deveria. Para quem não conhece o livro é um bom filme de suspense e ação investigativo, em contrapartida pode deixar leitores um tanto frustrados.
Muita coisa foi cortada, outras entregues logo de cara cortando um suspense maior que poderia ter existido. O que se salva é a interpretação da atriz Noomi, que fez divinamente bem Lisbeth Salander, mas é melhor não ir com muita sede ao pote quanto ao resto. Não tem quem me faça comparar a virilidade do personagem Mikael Blomkist com o ator Michael Nyqvist, que mais parece um paspalho na história (Para entender melhor, clique aqui).
Uma conclusão que cheguei é que: Filmes não mentem, trabalham com inverdades. Sempre será um pouco frustrante ao leitor fiel acompanhar adaptações, pois muita coisa se perde. Como defesa para a película sueca, atribuo à extensão da obra de Larsson, que torna praticamente impossível a completa projeção para a tela. Mesmo assim fica a dica de um bom filme para expandir a paixão pelos personagens à vida real.
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