domingo, 5 de julho de 2015

Resenha: A Rainha do Castelo de Ar (Livro e Filme)

Título original: Luftslottet som sprängdes
Autor: Stieg Larsson

Editora: Compahia das Letras 
Edição: 2

Ano: 2010
Páginas: 685

Tradução: Dorothée de Bruchard
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Sinopse: Lisbeth Salander se recupera, num hospital, de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, enquanto Mikael Blomkvist procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga, acusada de vários crimes. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se, ela quer uma oportunidade para dar o troco. Com a ajuda de Mikael, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos se articulou nos subterrâneos do Estado sueco, um complô em cujo centro está seu pai, um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes.

O texto a seguir contém spoilers (revelações sobre o enredo) do livro anterior, A Menina que Brincava com Fogo.

ENREDO

O serviço secreto sueco, para proteger o assassino e também espião russo Alexander Zalachenko, também conhecido por Karl Axel Bodin, internou Lisbeth Salander, filha do espião, com apenas doze anos num hospital psiquiátrico e a declarou como incapaz. 

Desde então muitos anos se passaram e a polícia planeja indiciar Lisbeth por uma série de crimes que não cometeu. A imprensa, não evita pintar a moça como psicopata e lésbica satânica, reputação criada ao longo dos anos por sua rebeldia em ser contra aqueles que queriam dominar e calá-la. Já a promotoria pública, também manipulada pela corrupta seção do serviço secreto, pretende pedir que ela seja internada de novo, desta vez – ao que parece – para sempre.

Só que além de Mikael Blomkvist – jornalista investigativo que já desbaratou esquemas fraudulentos e solucionou crimes escabrosos –, Lisbeth agora conta com excelentes aliados. Tem Annika Giannini, advogada especializada em defender mulheres vítimas de violência, Dragan Armanskij, presidente da empresa de segurança Milton Security, o delegado Torsten Edklinth e o inspetor Jan Bublanski, que junto de sua equipe segue sua própria linha investigativa, na contramão da promotoria.

COMENTÁRIOS

Começamos o livro com certa ansiedade, temor e estranhamento. Ansiedade pelo fato do último livro (A menina que brincava com fogo) terminar com um gancho irrespirável e esperar pelo próximo volume, o que acabei fazendo, retomando a leitura um ano depois. Temor por terminar uma série que deveria ter durado mais tempo não fosse pela morte repentina do autor. E estranhamento pela tradução, algo que não havia reparado nos dois últimos volumes.

Partindo do princípio que o livro é sueco e foi traduzido do francês, já é algo a se estranhar. Até aí tudo bem, vai saber o que acontece nos bastidores das negociações para trazer a obra ao Brasil. Mas termos como “um cara legal” numa reunião entre promotores, “deixa disso”, “o danado do Mikael”, “descascar o abacaxi” e “nadica de nada”, levam um certo tempo de se acostumar.

Passado esse trauma, sim o livro começa a ganhar direção. O tamanho assusta, mas tudo é questão de ritmo e paciência. Stieg Larsson é descritivo e prolixo em certos pontos, o que não diminui a qualidade da história, apenas leva um tempo maior até que o ambiente e detalhes que compõe a narrativa sejam totalmente apresentados ao leitor. 

Mais uma vez temos uma visão tridimensional dos acontecimentos. Mais personagens são inseridos e formam uma teia de conexões. Enxergamos pela perspectiva da máfia sueca, dos jornalistas, dos civis e da polícia. Ou seja, a verdadeira história de Lisbeth Salander versus como os “mocinhos” irão desvendá-la e, consequentemente, a tática dos “vilões” em sabotar esse plano.

Este é um livro mais político que fecha o ciclo do passado da personagem principal e ao mesmo tempo destaca outros coadjuvantes como Erika Berger. Daí observamos que Millennium era uma série que tinha tudo para ser bem desenvolvida a longo prazo. 

A explicação para o título “A rainha do castelo de ar” está na equipe força-tarefa reunida para defender Lisbeth das teorias de conspiração criadas de forma leviana. Logo, ela seria o centro das atenções (a rainha) de um complô que se mantém em sigilo no alto escalão do governo sueco (o castelo de ar).

"Durante dois anos, mantivera-se o mais longe possível de Mikael Blomkvist. No entanto, ele parecia sempre acabar grudado na sua vida feito chiclete na sola do sapato, tanto na internet como na vida real. Na internet, até podia ser. Ali ele não passava de elétrons e letras. Na vida real, em frente à sua porta, continuava sendo aquele puta homem atraente. E ele conhecia todos os seus segredos, assim como ela conhecia os dele."

EXCELENTE

VLOG CALHAMAÇO

Um novo projeto do canal que serve como um diário de leitura, sem spoiler, onde conto minhas impressões a cada grupo de páginas. Acompanhe!


FILME

Luftslottet som sprängdes é um filme sueco de 2009 dirigido por Daniel Alfredson, e roteirizado por Ulf Ryberg. Traz Michael Nyqvist e Noomi Rapace novamente nos papéis de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist.

Como adaptar um livro de quase 700 páginas em 2h e 20 min? Parece difícil, e realmente foi para os produtores desse terceiro filme. Essa última película conseguiu fugir ainda mais dos detalhes da fonte original. Alguns personagens são omitidos, nomes de outros são modificados, fatos são distorcidos, cenas são adiantadas, outras suprimidas. É como se o roteirista pincelasse apenas a grande figura da trama e convertesse para as telas. Chamemos de um bom filme, porém uma péssima adaptação. 

Se você chegar a assistir as três versões suecas em sequência, não estranhe mudanças nada sutis quanto a fidelidade ao enredo, cada um deles, embora com a mesma direção, contou com roteiristas diferentes. Fica a dica de um daqueles filmes que servem para matar saudade depois de um tempo da leitura, mas não retratando em nada a essência do livro, sendo este, sem dúvida, recomendado em primeiro lugar.

Nota: Destaque a Michael Nyqvist que dessa vez conseguiu aparecer mais que a Noomi Rapace, a qual, mesmo sendo uma excelente atriz, ficou meio apagada na trama.


Stieg Larsson vida e obra
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