Autor: Jennifer Egan
Editora: Intrínseca
Edição: 1
Ano: 2012
Páginas: 240
Publicação Original: 2006
Tradução: Rubens Figueiredo
"De maneira inventiva e subvertendo os limites entre fantasia e realidade, Egan constrói uma história que prende o leitor a cada página e nos faz ter vontade de reler o livro muitas vezes."
ENREDO
Danny é um nova-iorquino viciado em celular que, entre outros estranhos talentos, consegue detectar na própria pele se um lugar tem sinal de internet wi-fi. Quando seu primo Howard, de quem havia se afastado após uma brincadeira de mau gosto na adolescência, o convida para conhecer o castelo europeu que comprou e está reformando com a intenção de transformar em hotel de luxo, Danny acha que é uma boa oportunidade para retomar o contato e ao mesmo tempo fugir da confusão que arrumou em seu último emprego.
Ao chegar lá, no entanto, as coisas começam a ficar estranhas. O torreão do castelo, que serviu de fortificação durante muitos séculos e resistiu a diversas tentativas de invasão, ainda é ocupado pela antiga proprietária - uma baronesa sinistra que parece velha demais para estar viva. Uma piscina mal-assombrada e um traiçoeiro labirinto subterrâneo completam a aura de mistério do lugar. Quando o pânico toma conta de Danny, ele descobre que a "realidade" pode ser algo em que não consegue mais acreditar.
COMENTÁRIOS
Comecemos O Torreão sem saber para onde estamos sendo levados. O livro é narrado por um prisioneiro, Ray, e intercala acontecimentos do seu cotidiano com a vida do protagonista Danny. Logo de cara sentimos que esse narrador não é tão confiável e que, de certa forma, esteve envolvido na fábula do castelo. Mas afinal, o que se passa nas cercanias do torreão é uma história fictícia ou realmente aconteceu?
Essa dúvida causa uma sensação de desconforto e nos deixa mais atentos ao que está acontecendo. Grande parte da história se passa no castelo, com algumas passagens monótonas; o foco se encontra sobretudo na prisão, as partes mais interessantes, para mim.
Jennifer Egan escreve todo o livro em diálogos não convencionais. Parece uma peça teatral mostrando o nome dos personagens, porém misturando as conversas com os pensamentos deles (estilo Saramago, só que com menos rigor). A perspectiva masculina lhe cai perfeitamente bem, e sente-se que estamos lendo sob o olhar de um homem.
O livro é um quebra-cabeça feito para brincar com a imaginação do leitor. O tipo de história que ou amamos a resolução do mistério, ou odiamos aquilo que fomos levados a acreditar.
Não existe maneira de conversar muito sobre essa trama sem revelar os grandes segredos que a cercam. Contudo, em resumo, posso dizer que O Torreão é um livro inteligente que inicia com uma critica a dependência aos meios de comunicação e finaliza com o poder avassalador de uma história bem construída.
É impossível concluir esse livro de forma impassível. Fica a recomendação.
3,5 ESTRELAS |
ME FEZ LEMBRAR...
Aura de Carlos Fuentes, devido a sobrenatural baronesa. Orange is the new Black, por motivos de prisão.
CITAÇÕES
"Danny não tinha a menor ideia do que era a coisa. Tudo o que sabia era que vivia mais ou menos num estado constante de expectativa de alguma coisa, a qualquer dia, a qualquer hora, uma coisa capaz de mudar tudo, virar o mundo de cabeça para baixo e pôr a vida toda de Danny em perspectiva, como uma história de sucesso absoluto, porque toda reviravolta e guinada, todo impasse e fracasso sempre teriam levado a isso."
"O que está faltando? Do que elas precisam? Qual será o próximo passo? E então, um dia, entendi: imaginação. Perdemos a capacidade de inventar coisas. Passamos esse trabalho para a indústria do entretenimento, e ficamos sentados por aí babando na camisa, enquanto eles fazem isso por nós."
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