quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Movimento Tropicaliano - Balduel de Almeida


Título original: Movimento Tropicaliano 

Editora: Novo Século
Edição: 1 

Ano: 2013 
Páginas: 142


Minha Nota:
MUITO BOM









Sinopse: O país Tropicália está comemorando os cinquenta anos do “Dia do Basta”, importante revolução, ocorrida no inverno de 2013, que desencadeou uma grande mudança para a população. E, para celebrar, uma das mais importantes figuras históricas foi convidada para uma entrevista no programa de TV do famoso apresentador Zé Eugênio. O Senhor Schimidt é ex-ministro da Justiça e participou ativamente daquela conturbada fase no país. Nesta bem elaborada entrevista, ele relata como o tão sonhado país se transformou após o Movimento Tropicaliano. Uma história fictícia, com nomes e personagens inexistentes, mas repleta de ideais que se confundem, e muito, com os do povo brasileiro.

No inverno de 2013 ocorreu em Tropicália uma revolução chamada “Dia do Basta”; durante esse período o povo de todo país foi para as ruas e passou a lutar contra uma perigosa endemia nomeada corrupção. Passados 50 anos um dos amigos do ex-presidente Paullo Sena e ativo participante do Partido Ético Tropicaliano (PEB), o Sr. Natal Schimidt, é convidado a dar uma entrevista no programa de um famoso apresentador.

“Alguns países combateram a doença, mas o povo tropicaliano parecia já sofrer os efeitos colaterais da moléstia: o silêncio e a sonolência.” Pág. 10

Schimidt foi Ministro da justiça entre os anos de 2022 a 2030. Hoje, vive em seus 73 anos de idade. A história segue um jogo de perguntas e respostas em forma de debate, onde conseguimos entender como era Tropicália durante a confusão do período opressor da corrupção, no meio-tempo em que o ‘mau’ é detido e após a estabilização do poder nas mãos de Governantes honestos.

“Paullo argumentava que não, que o poder corrompe, e que seríamos oposição até chegar a hora que acabaríamos forçados a entrar na política, porém não participar, mas sim para modificar o sistema político atual. Ele era visionário, aquela época, essa vontade era muito, mas muito distante de se tornar realidade.” Pág. 36

Movimento Tropicaliano narra os acontecimentos de um país que se assemelha muito com o Brasil no quesito irregularidades e ao mesmo tempo questiona o que pode ser (e foi, ao ser narrado no futuro) feito para mudar a realidade e crenças de uma nação.

COMENTÁRIOS

Essa é uma história relativamente curta onde, de certa forma, já sabemos a temática abordada. Mesmo que a escrita seja feita em forma de sátira ou crítica, quem conhece sua verdadeira nacionalidade sabe reconhecê-la quando a observa. Balduel de Almeida transparece ter um domínio forte sobre os assuntos que aborda, sobretudo o que vem a ser o certo ou errado quanto aos direitos de um bom cidadão.

O livro chega a ser uma lição. O autor faz um debate muito inteligente sobre a situação vigente no país e como este seria num futuro em que os problemas (a corrupção principalmente) tivessem sido resolvidos. Faz parecer que tudo que o entrevistado diz está na crença de Balduel, mas ao mesmo tempo as brincadeiras com o futuro e a ficção em volta do enredo confundem a mente do leitor - num bom sentido, claro

Termos como sacola família, Ministério da Enganação Cara de Tamanco Velho (MEC TV), a presidenta Dominique, Copa das Repúblicas Amantes de Pimbolim, Federação Internacional de Pimbolim são usados de forma bem semelhante aos nomes originais - ou melhor, quem será que está imitando quem?. Ao interpretar e captar sobre quem estamos conversando nas entrelinhas, o leitor ficará com um sorriso sarcástico nos lábios.

O livro conta com capítulos curtos em que cada um inicia com uma pergunta - seguindo a linha de uma entrevista - e aborda um tópico sobre assuntos polêmicos para a revolução, economia ou política do país. A escrita do autor é fluida, simples e clara, deixando a sensação que estamos lendo uma matéria para se entreter. 

Alguns podem chamar de ousadia, outros de aspirações surreais, há ainda os que venham a pensar que é difícil não só dizer o que está errado mas sugerir mudanças, mesmo que na prática a execução destas pareçam fabulosas, opinião da qual eu compartilho. E é assim que Balduel chega ao fim de uma história muito interessante, feita para ser lida e relida. Quiçá chegue até as mãos de algum 'colarinho branco'.

“E então eu respondo: por que ele teria medo de ser preso se na prática ele sabia que nenhum político, ou quase nenhum, era preso por corrupção? Se ele sabia que mesmo sendo pego praticando atos inescrupulosos o seu processo duraria anos até ele ser preso, se fosse? Se ele sabia que o Estado, diante do excesso de lei protetoras aos corruptos, não conseguia reaver o dinheiro desviado, ou seja, o corrupto continuava rico?” Pág. 98

Deixe seu comentário sobre o que lhes pareceu o livro e não deixe de conferir a entrevista do autor postada no blog, leia aqui.

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