quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Resenha: Fahrenheit 451 (Livro e Filme)

Capa do livro Fahrenheit 451Editora Globo

Título: Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury

Editora: Globo
Edição: 1

Ano: 2010
Páginas: 216

Tradução: Cid Knipel
Prefácio: Manuel da Costa Pinto

Minha Nota:
MUITO BOM







A temperatura na qual o papel de livro pega fogo e queima...

Sinopse: A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre. O livro conta a história de Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à leitura. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo,  ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred. Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade.

O que aconteceria se os livros fossem incinerados, varridos da face da Terra até o ponto em que o único vestígio de milênios de tradição humanista estivesse alojada na memória de alguns poucos sobreviventes?

Essa é principal premissa do visionário romance escrito por Ray Bradbury em 1953. Numa sociedade onde o simples fato de manter obras literárias ou filosóficas em casa é considerado crime, os indivíduos vivem alienados em frente a televisão  com informações triviais, transmitidas por este novo sistema - porém não estranho a nós atualmente.

As casas de Fahrenheit 451 são à prova de combustão e os bombeiros desempenham aqui uma nova função: ao invés de apagar os incêndios, eles ateiam fogo. É interessantíssimo ter o contato com uma distopia escrita num tempo tão remoto. De certa forma, Bradbury enxergou além do seu tempo e alcançou uma sociedade que viria a ser a nossa - daí o termo visionário. Claro que algumas particularidades fazem com que a obra se encaixe no gênero de distopia e aí sim destoa do nosso real convívio social. 

"Bradbury não imaginou um país de analfabetos, mas diagnosticou um mundo em que a escrita foi reduzida a um papel meramente instrumental e no qual a literatura e a arte têm função "culinária"." Pág. 19 do Prefácio por Manuel da Costa Pinto.

Falando sobre a edição, o prefácio escrito pelo Manuel, um falecido escritor, jornalista e tradutor nos é muito convidativo - tanto que reli ao final da leitura - pois nos traz um panorama do que encontraremos na obra, conceitos do que vem a ser distopia e até alguns spoilers críticos que ficam fora de contexto por ainda não sabermos do que ele está falando. Em resumo, é basicamente uma resenha do livro.

Não posso dizer por outras edições, mas a que tive acesso não contém nem uma informação sobre o livro - no verso, ou nas abas - e salvo pelo título da obra ficamos nos perguntando o que iremos encontrar pela frente. As folhas são amarelas, o formato é pequeno, distribuído em Três Partes, incluindo ainda Prefácio, Posfácio e Coda, com uma conversa do autor para seus leitores.

Guy Montag, é o protagonista da história. Um bombeiro que atravessa séria uma crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente, mesmo sem saber, com a destruição da literatura. Sua vida vazia é transformada, porém, quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma jovem que o confronta sobre os princípios da vida e o faz refletir a respeito disso. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.


"É agradável estar com as pessoas. Mas não vejo o que há de social em juntar um grupo de pessoas e depois não deixá-las falar, você não acha?" Pág. 51 Clarisse para Montag sobre ser antissocial.

Cabe deter atenção especial ao personagem Beatty, capitão do corpo de bombeiros onde Montag trabalha. Não é revelado explicitamente mas temos umas pistas que levam a crer que esse mesmo algoz dos livros, é conhecedor de grandes obras, porém não acredita que isso possa trazer algo de bom aos seus apreciadores, já que os homens devem ser todos iguais e os livros faz questionar a realidade em que vivemos, nos dá esperança de uma situação utópica que nunca vingará.

"Quando mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centímetro quadrado você conseguir captar numa folha de papel, mais "literário" você será." Pág. 110

A narração é feita em 3ª pessoa sob a perspectiva de Montag. O único motivo que me fez "retirar" uma estrela do livro foi por conta da constante utilização de metáforas e divagações excessivas; essa é uma forma de texto que não me agrada muito, então minha opinião pode ser diferente da sua que está lendo agora, mas fora esse estranhamento e desconforto, essa é sim uma leitura ímpar e muito bem recomendada.

CURIOSIDADE

A primeira versão da obra foi escrita em 1953, passando por algumas alterações em 1981, a qual se mantem até os dias atuais.

Chame de ingenuidade ou falsa modéstia, o autor diz que seu inconsciente o presenteou com os nomes de dois personagens que se referem de alguma forma ao mundo da escrita - Montag, que fora uma fábrica de papel e Faber, uma fábrica de lápis -, algo que ele só foi reparar após a confecção do livro.

"Existe mais de uma maneira de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas carregando fósforos acesos." Pág. 212 por Rad Bradbury.

***

FILME

capa do filme Fahrenheit 451 de 1966
Passei a assistir filmes antigos e tornei-me um adepto, eles têm uma atmosfera e velocidade tão agradáveis... E como o próprio livro faz referência ao filme homônimo, dirigido pelo francês  François Truffaut resolvi assistir.

Não me arrependi, a obra é maravilhosa; parando para observar, nem parece que o filme foi feito em 1966. É impossível que não haja alterações entre livro e filme, mas estou começando a encarar esse paradoxo tranquilamente, pensando que são 2 produtos diferentes que podem ter ou não a mesma qualidade.

A adaptação é bem mais leve que o livro, não traz tanta emoção e envolvimento com a dualidade de Montag. A opressão na obra original é incontestavelmente maior.

Para quem não é muito fã de filmes Cult, vale destacar que pode ser um pouco lento para seu gosto, mas assistindo nem que seja meia hora a cada dia, dá para chegar ao fim.

A atuação dos protagonistas está impecável. Um fato interessante é que a atriz Julie Christie interpreta dois papéis nesse filme (Clarisse e Linda Montag). Para quem percebeu, sim o nome da esposa de Montag foi alterado. Questionado sobre o motivo da atriz fazer as duas personagens, Truffaut respondeu que o bombeiro Montag vive seus desafios acompanhado por duas figuras femininas, onde uma é a imagem invertida da outra e foi isso que ele quis mostrar na tela.

Os créditos iniciais do filme não são escritos, mas narrados, para antecipar o clima de leitura proibida. Nesse momento, são mostradas várias antenas de TV nas casas. Este é o único filme em inglês e o primeiro em cores de Truffaut, que declarou estar decepcionado com a versão original do filme, pois não gostou de alguns diálogos em inglês. Disse preferir a versão dublada em francês do filme, cuja tradução foi inclusive supervisionada por ele.

Eu amo o idioma Inglês e gostei bastante desse filme; para mim ele alcançou as 5 estrelas propostas e espero sinceramente que vocês tenho ficado curiosos e possam assisti-lo muito em breve.

UFA! Dessa vez o post foi longo, se você conseguiu chegar até aqui, meus parabéns. Depois de toda essa contextualização, vamos partir para ação. Abaixo segue o Trailer (não oficial) e o Filme completo legendado. Desfrutem!





O que achou das diferenças entre livro e filme? Já leu ou assistiu algum deles? Seu comentário é sempre muito bem-vindo e só ajuda no crescimento do blog ;) Responderei a todos com o maior prazer.

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5 comentários:

  1. Olha só... Já tinha ouvido falar do livro, mas não tinha nem ideia do que se tratava! Adorei, já tá na minha minha listinha de livro e filme :D


    Beijos
    aritmeticadasletras.blogspot.com

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  2. Que bom que te entusiasmou Pâmela, é realmente inquietante e muito bom :) Espero que te agrade. Beijos.

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  3. CLÁAAAASICO! Preciso conferir essa trama, já haviam citado num grupo que participo (FB) essa história de queimar os livros, não tinha ideia da existência do filme, só assisto depois que ler. Muito bom o review, parabéns.



    Abs

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  4. Olá Amanto. Sim, esse é um clássico e tanto. Vale super a pena conferir Livro e Filme. Creio que você leia bem rápido, marque na lista ;) Obrigado pela visita!

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  5. Um dos melhores livros que eu li na minha vida! Maravilhoso!!!!!!

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